A caridade vulgar (e digo-o sem qualquer depreciação, é a chamada "esmola") é cada vez mais nacionalista: à saída do metro de Entre Campos está habitualmente uma velhinha com um cartaz a pedir esmola. Nestes últimos dias foi acrescentada a frase "sou portuguesa": tenho dúvidas que com isso a velhinha receba mais esmolas, mas a receber começo a achar que o PNR começa a ter algumas hipóteses de ter mais de 1000 votos nas eleições.
A Amy Whinehouse foi o fiasco que de alguma maneira já todos esperavam. Ainda assim ouvem-se "mentes brilhantes" que afirmam no alto da "tenda VIP" do Rock in Rio que ao menos veio quando todos pensavam que não ia aparecer. Começo a pensar se a Ivete Sangalo (de quem não gosto especialmente mas a quem reconheço uma presença impressionante em palco) e o Lenny Kravitz (que deu um dos melhores concertos que vi até hoje) não ficarão um bocadinho, assim um bocadinho só, aborrecidos por receberem bem menos do que aquela doidinha. Não sei se o facto de a probabilidade de virem a viver muitos mais anos do que ela ser enorme lhes serve de consolo, eu cá espero que não.
Na vida real as aparências estão do outro lado do espelho. Na vida real não me assemelho à simulação das evidências (SG)
sábado, maio 31, 2008
sábado, maio 24, 2008
Há um ano
Vivemos o que foi o pior momento das nossas vidas. Descobri muita coisa em mim e nos outros.
Percebi que as minhas lágrimas são inversamente proporcionais ao medo: quanto mais medo tenho, menos choro.
Descobri que rezar quase sem forças me tira o peso do mundo nos ombros, mas não me deixa menos cansada, que a clareza da Fé fica turva por mais que acreditemos.
Aprendi que os votos "na saúde e na doença, todos os dias das nossas vidas" faz muito mais sentido na doença do que na saúde e que há muito mar para além da linha do horizonte.
Percebi, descobri e aprendi. É pena que o faça sempre muito melhor nas fatalidades.
Percebi que as minhas lágrimas são inversamente proporcionais ao medo: quanto mais medo tenho, menos choro.
Descobri que rezar quase sem forças me tira o peso do mundo nos ombros, mas não me deixa menos cansada, que a clareza da Fé fica turva por mais que acreditemos.
Aprendi que os votos "na saúde e na doença, todos os dias das nossas vidas" faz muito mais sentido na doença do que na saúde e que há muito mar para além da linha do horizonte.
Percebi, descobri e aprendi. É pena que o faça sempre muito melhor nas fatalidades.
quinta-feira, maio 22, 2008
A Rapariga que inventou um sonho
de Haruki Murakami.
Revelou-se-me como um dos maiores escritores que conheço.
"A Rapariga que inventou um sonho" é um livro diferente deste autor japonês por ser uma compilação de contos que foi escrevendo a partir de 1980. Segundo o próprio, não consegue escrever romances e contos ao mesmo tempo, acontece que a seguir a um romance normalmente se dedica à escrita de contos.
Uma sensibilidade impressionante que se justifica por ser um amante de jazz (esta é uma teoria minha, claro está). As histórias que escreve são, aliás, uma espécie de "laboratório experimental", onde improvisa e não teme errar. Vidas muitas vezes melancólicas e solitárias, personagens fantásticas como o Homem de Gelo ou o Macaco de Shinagawa, viagens de sonho, enfim, um conjunto de estórias de alguém que é, para mim, um potencial candidato a Nobel da Literatura.
sábado, maio 17, 2008
Pensamento do dia (repetido)
"O coração tem mais portas que uma casa de putas"
RGC in A mulher em branco
RGC in A mulher em branco
quinta-feira, maio 15, 2008
Quando
se comem hamburguers com batata frita nas minhas aulas de mestrado (perante o silêncio do professor) começo a achar que a minha tese devia entitular-se "Ketchup ou maionese: problemas e práticas".
terça-feira, maio 06, 2008
15
15 anos é muito tempo. Era o tempo do Liceu e ainda não era o tempo que tinham as nossas vidas. Foi o tempo de sorrisos, de namoros, de paixões que quase nos mataram de desgosto. Tempo dos concertos ao ar livre e sem ser, das primeiras saídas à noite, das primeiras cervejas e dos primeiros cigarros.
15 anos é muito tempo e a Terra deu 15 voltas ao Sol: voltou ao mesmo sítio, mais ou menos onde estávamos há 15 anos.
15 anos é muito tempo e a Terra deu 15 voltas ao Sol: voltou ao mesmo sítio, mais ou menos onde estávamos há 15 anos.
segunda-feira, maio 05, 2008
domingo, maio 04, 2008
quinta-feira, maio 01, 2008
Para o 1º de Maio
Mais vale ser um cão raivoso
que uma sardinha metida,
entalada na lata educadinha
pronta a ser comida, engolida, digerida
e cagadinha
Mais vale ser diferente da sardinha
um cão raivoso que sabe onde ferra
ferra fascistas e chama-lhe um figo
olhos atentos e patas na terra.
Viva o cão raivoso
tem o pelo eriçado
seu dente é guloso
e o seu faro ajustado
Cão raivoso, cão raivoso, cuidado.
Sérgio Godinho
que uma sardinha metida,
entalada na lata educadinha
pronta a ser comida, engolida, digerida
e cagadinha
Mais vale ser diferente da sardinha
um cão raivoso que sabe onde ferra
ferra fascistas e chama-lhe um figo
olhos atentos e patas na terra.
Viva o cão raivoso
tem o pelo eriçado
seu dente é guloso
e o seu faro ajustado
Cão raivoso, cão raivoso, cuidado.
Sérgio Godinho
Subscrever:
Mensagens (Atom)