quinta-feira, outubro 28, 2010

Às vezes acertas tanto que até irrita

I have always fallen in love fast and without measuring risks. I have a tendency not only to see the best in everyone, but to assume that everyone is emotionally capable of reaching his highest potential. Many times in romance I have been a victim of my own optimism.

E se Obama fosse africano e outras interinvenções, Mia Couto

É um conjunto de intervenções públicas feitas por Mia Couto em diversos contextos nos últimos anos. Muitos temas abordados, muitas reflexões a discutir, muitas das intervenções uma forte crítica ao povo africano, ao povo de Moçambique. Porque estamos habituados a ouvir e ler que África viu o seu futuro hipotecado muito por ser um continente altamente colonizado, é surpreendente como Mia coloca as questões, responsabilizando os próprios africanos pela corrupção, pela gente sem escrúpulos que lidera muitos países africanos. "A descolonização só pode ser feita pelos próprios colonizados". O texto de dá nome ao livro - "E se Obama fosse africano" - é escrito depois de lhe ter "chegado às mãos" um texto de um camaronês com o título "E se Obama fosse camaronês". É o último texto do livro, escrito em 2008, que recomendo vivamente porque retrata uma realidade que muitas vezes teimamos não ver. Começa assim:
1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. (...) A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões.
(...)
4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse afrincano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto.
(...)
Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos, moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte. (...) A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores corruptos de África tenham o direito de de se fazerem convidados para esta festa.  

segunda-feira, outubro 25, 2010

Boas notícias

"Igreja católica distribui preservativos grátis na Suíça"

O QUE EU QUISER

quem acorda mais cedo vai vender saúde
e quem vai dormir cedo há-de crescer
o que será de mim que tenho por virtude
ver o sol avisar que vai nascer?

Não vou ouvir o que ninguém diz
e vou dormir quando eu quiser

grão a grão a galinha vai enchendo o papo
e eu fico a pensar o tempo inteiro
o que será de quem dá tudo por um trapo
ao chegarem os saldos de Janeiro?

Não vou seguir o que ninguém diz
e vou vestir o que eu quiser

ando sob a chuva porque quero andar
grito porque é moda proibir gritar
eu não sei... eu não sou... mas quando olho para mim
não cheguei... não vou... mas eu estou bem assim

se quem semeia ventos colhe tempestades
eu prefiro plantar mil furacões

não vou ligar ao que ninguém diz
e vou fazer o que eu quiser
o que eu quiser!


Letra de Tiago Torres Silva, no álbum Graffiti, Júlio Pereira

SMS

(porque ando pouco virada para a escrita, partilho as coisas que me fazem rir e saber que tenho uma sorte do caraças por ter amigos assim)

"Sonhei contigo =) Nada badalhoco!(...)"

O menino é lindo, sabia? :D

terça-feira, outubro 19, 2010

Das verdades em que acredito

Apesar de tudo, vivemos numa sociedade que tem uma característica muito curiosa: aqui se glorifica o indivíduo mas nega-se a pessoa. Parece um contra-senso, mas não é. Afinal, há distância entre estas duas categorias: indivíduo e pessoa. Indivíduo é um ser anónimo, sem rosto e sem contorno existencial. A história de cada um de nós é a de um indivíduo a caminho de ser pessoa. O que nos faz ser pessoa não é o Bilhete de Identidade. O que nos faz ser pessoa é aquilo que não cabe no Bilhete de Identidade. O que nos faz pessoas é o modo como pensamos, como sonhamos, como somos outros. Estamos, enfim, falando de cidadania, da possibilidade de sermos únicos e irrepetíveis, da habilidade de sermos felizes.

Mia Couto, 2005

segunda-feira, outubro 18, 2010

Cenas

Estamos tão entretidos em sobreviver que nos consumimos no presente imediato. Para uma grande maioria, o porvir tornou-se um luxo. Fazer planos a longo prazo é uma ousadia a que a grande maioria foi perdendo direito. Fomos exilados não de um lugar. Fomos exilados da actualidade. E por inerência, fomos expulsos do futuro.
(...) O amanhã tornou-se demasiado longe. Mais do que longínquo, tornou-se improvável. Mais do que improvável, tornou-se impensável.

Mia Couto, 2008

sexta-feira, outubro 15, 2010

Chamem-lhe Vandalismo, mas daquele exótico-criativo! Muito bom!


Depois do que a EMEL classificou como «acto de vandalismo», o parque de estacionamento na Rua do Arsenal, em Lisboa, tornou-se na quarta feira um parque de uso «exclusivo» para deficientes. Do dia para a noite, todos os lugares passaram a ter pintado o símbolo respectivo. A rua do Arsenal tem início na praça do Comércio e passa pela Praça do Município, lugares da cidade onde têm sede muitas instituições públicas.



Via SapoNotícias

Pensamento do Dia

 Os sonhos falam em nós o que nenhuma palavra sabe dizer

Mia Couto

quarta-feira, outubro 13, 2010

Em bom português

É (mais) um "Programa" do Governo. De facto, estes senhores começam a ser mais "garotos de programa" do que outra coisa qualquer. Ao que consta é um "Regimento" inspirado no "Programa de Simplificação Legislativa" cujo objectivo é simplificar e clarificar as leis para que sejam mais facilmente interpretadas pelo cidadão comum. É para 2012, ao que parece. Chamam-lhe "Programa Simplegis" e que supostamente evitará o recurso constante de empresas e particulares a advogados. O Sr. Bastonário da Ordem dos Advogados já se insurgiu (pasmem-se!) uma vez que considera que está em causa a "separação de poderes", ou seja, considera que não cabe ao legislador interpretar e aplicar as leis. O documento, ao que consta, vai ao pormenor da utilização dos tempos verbais (privilegia o Presente do Indicativo), proíbe estrangeirismos, tem regras restritas no que respeita à pontuação, utilização de maiúsculas, abreviaturas e siglas, tudo isto é tido em conta no referido "Regimento". 
De facto, sempre fui avessa ao "legislês" muito utilizado pela maioria dos juristas, muitos deles aqueles "especialistas" que vão a programas da televisão ou escrevem artigos em jornal e que utilizam termos que a maioria dos cidadãos (onde me incluo, naturalmente) desconhecem. Ora, o art.º 6.º do Código Civil, cuja epígrafe é "Ignorância ou má interpretação da Lei" diz A ignorância ou má interpretação da lei não justifica a falta do seu cumprimento nem isenta as pessoas das sanções nela estabelecidas. E teoricamente esta é uma medida acertada. 
Mas interpretações à parte, penso que no cerne da questão está em QUEM legisla. Porque o grande problema estará, naturalmente, nesta utilização de termos que não estão ao alcance de todos, mas principalmente no facto de, daquilo que conheço de algumas leis, o legislador (e/ou redactor) pura e simplesmente não saber escrever português. Mais: legisla acerca de temas que desconhece por completo. E se calhar o problema está aí. Portanto, meus caros, provavelmente a solução está em deixarem-se de "jobs" e de "boys" que estão sentados numa cadeirinha (decerto confortável) em Lisboa num qualquer Ministério a "fabricar" leis que muitas vezes ninguém entende nem consegue interpretar, e pedir a pessoas competentes (e de preferência não apenas a "juristas iluminados") que pelo menos ajudem na redacção das leis.

E tenho dito, porque de facto tenho "Programas" mais interessantes para fazer.  

terça-feira, outubro 12, 2010

De chorar a rir...

"1ª classe [no comboio] é muito bom. Atira comida pela janela quando vires pessoas. É super bonito!"

segunda-feira, outubro 11, 2010

Seis Suspeitos, Vikas Swarup

Escrito pelo mesmo autor do célebre "Quem quer ser Bilionário", "Seis Suspeitos" é viciante pelo enredo e surpreendente por conduzir o leitor à mais profunda realidade indiana. Vikas Swarup é um diplomata indiano que, apesar de "privilegiado", aponta o dedo à sociedade indiana e faz um apelo (que é tudo menos velado) a tudo o que está "podre" no país onde agora vive e trabalha. Do livro, é uma estória de ficção com muito de verdadeiro (até porque terá por trás alguma base de verdade), apaixonante pelas personagens que dela fazem parte mas acima de tudo uma crítica ao sistema de castas, à imoralidade política e judicial, a um país onde quem tem poder e dinheiro tem rigorosamente tudo, até o direito a matar impunemente.
Tudo começa com o jovem playboy filho de um influente - e corrupto - político que é absolvido do assassínio de uma jovem empregada de bar que recusa servir-lhe uma bebida. Na festa de comemoração da absolvição, Vicky Rai é assassinado e os suspeitos são todos os que são encontrados com armas escondidas: o pai do playboy, uma conhecida actriz de Bollywood, um profissional ladrão de telemóveis que é apaixonado pela irmã do morto, um jovem duma tribo que procura a pedra Sagrada que lhe pertence, um americano burro e apaixonado, um burocrata corrupto que volta e meia "encarna" Ghandi. O narrador é um jornalista famoso cuja profissão utiliza para denunciar a corrupção dum país onde "até no crime há sistema de castas", que descreve a vida dos seis suspeitos, alguns deles apanhados nesta trama completamente por acaso.

quinta-feira, outubro 07, 2010

Eu ainda sou despedida com justa causa. Ups, por razão atendível...

Numa troca de e-mails com a minha chefe falar em "companheiras de luta" e no e-mail seguinte acabar com "resistir é vencer" é capaz de não ser muito boa ideia. Mas estou assim, num dia revolucionário. Ainda me vou arrepender!

Para que não restem dúvidas...

... depois da quantidade de disparates que li no Facebook, na imprensa e na blogosfera, aqui fica o meu VIVA A REPÚBLICA!

Descobertas

Apesar de já não andar a ver televisão a mais, descobri ontem, nos 10 minutos em que estive na sala à conversa com a família antes de me ir deitar, outra maravilha da Televisão por cabo: existe um remake daquela série maravilhosa da minha infância, mais tarde repetida e dobrada em brasileiro num canal qualquer chamada O JUSTICEIRO. Não sei se ainda se chama assim, mas percebi que o actor principal se chama Michael Knight e o carro é o Kitt, ou seja, igual à série em que o actor principal era o David Hasselhoff. Aparentemente o Kitt andou a par da evolução tecnológica, mas confesso que não consegui ver aquilo mais de dois minutos (os restantes foram passados a rir à gargalhada e a gozar com o Papi porque parou naquele canal, naquela série).
Definitivamente vou tentar não ter Televisão quando me mudar.

quarta-feira, outubro 06, 2010

Update

Tenho andado alheada destas vidas da blogosfera. Podia dizer alienada, também não estaria nada mal. É muita informação. São torcicolos e idas ao Centro de Saúde onde a senhora que me atende me trata por "tu" - não sei se fique feliz pela minha aparente juventude, se chegue definitivamente à conlcusão de que isto anda tudo ao contrário. Foi o concerto dos U2 (um grande concerto), foi a República e festas e mais festas, foram passeios em família que já não aconteciam há uns meses - curiosamente acabamos sempre por ir ao mesmo sítio, mas até é essa a piada da coisa. É olhar à volta e continuar sem perceber (ou perceber cada vez menos) se sou eu que ando ao contrário ou se foi a Terra mudou de sentido de rotação. São mensagens que de tão bonitas me deixam angustiada, são declarações de amizade que mais parecem declarações de amor - e sei tão bem que não são... - são as pessoas, sempre as pessoas. São amigos que me fazem falta porque não estão, são outros que estão e que sei que fariam tanta falta se não estivessem. Tem sido muita trash TV e a consciência de que isto tem de acabar: ando a ver mais de uma hora de televisão por dia e isto é uma média assustadora. Deixemo-nos de estatísticas: é preciso acordar para a vida.