segunda-feira, fevereiro 28, 2011

O que não é

Bravura não é enfrentar o mar, não é ir para longe, não é navegar.

Diálogos

- Em teoria é um género de que não gostaria muito. Mas gosto imenso dele.

- Em teoria sai-te sempre tudo ao lado, também.

Duas pessoas a rirem-se de mim à gargalhada. Vocês têm a mania que são chicos-espertos. Bastards.

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Pensamento do dia

O importante não é a casa onde moramos, mas onde, em nós, a casa mora.

Mia Couto

Descobre-se que se tem de mudar de cor de pó quando...

para me identificarem dizem: "é aquela sua colega loira, muito bonita e de pele morena...". Está visto que o 53 não é uma boa cor.

sexta-feira, fevereiro 18, 2011

Pensamento do dia

O meu umbigo é bastante mais pequeno que o meu mundo. O meu mundo é enorme.

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Metade

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca;
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio...

Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza;
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade...

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta
A um homem inundado de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo...

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão...

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei...

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço...

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer;
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção...

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade... também.

Oswaldo Montenegro (obrigada, I.!)

Palavras

Mar. Lareira. Filme. Chuva. Vento. Manta. Pinhas. Madeira. Estalido. Chá. Som. Só. Garagem. Lenha. Jazz. Ondas. Granizo. Botija. Frio. Cigarros. Vinho. Sorriso. Sonho. Calma. Livro. Quente.

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

ai portugal, portugal...

(...)
No meu portugal há um Estado absolutista que me impõe regras que nem deviam ser legais. Que me obriga a passar recibos verdes online,. Que me obriga e entregar o IRS online. Mas que depois não é capaz de me deixar votar online, pois se nem ainda chegou à fase de conseguir condições técnicas de eu conseguir saber o meu novo número de eleitor online para poder votar! (porque no meu portugal eu sou obrigado a pagar um cartão de cidadão - a cidadania paga-se - e um novo número de eleitor mas o meu portugal não tem quaisquer obrigações para comigo, nem de me informar em devido tempo que novo número de eleitor Comprei).
(...)
O meu portugal revolta. Parece que revolta a todos mas de formas diferentes. A uns causa revolta a classe política, assim, por inteiro; a outros causa revolta viver num país em "que para ser escravo é preciso estudar"; ainda a outros causa maior revolta que uma música possa estar a espelhar essa revolta (ainda se fosse do Zeca...). Mas como é que se revolta uma "geração sem remuneração"? "Vão sem mim que eu vou lá ter" que agora estou aqui no conforto do sofá a ver a revolução no Egipto na Aljazeera porque hoje somos todos egípcios!

Somos todos egípcios o CARA...ças! Eu não sou! Não sou porque me recuso a, com a minha passividade, insultar um povo que agiu, em vez de calar em angustia a revolta; agiu, quando percebeu que não se chega a lado nenhum com cantigas, nem com palavras; agiu, quando em vez de escrever desabafos estéreis (assim como este), levantou o AlCú do al-sofah e decidiu fazer alguma coisa: pedir um Egipto para eles.

Nós temos lá tempo e paciência de exigir um Portugal com P maiúsculo (ou mesmo um Egipto com Pê) para nós! isso envolve manifs e assim. E nas manifs há muita gente. E depois não há lugar para estacionar o carro.


por arcebisposarrafeiro

terça-feira, fevereiro 08, 2011

Jogo




Mais um dia em vão
No jogo em que ninguém ganhou
Dá mais cartas, baixa a luz
E vem esquecer o amor
És tu quem quer
Sou eu quem não quer ver
Que tudo é tão maior aqui
Está frio demais para apostar em mim
Vê que a noite pode ser
Tão pouco como nós
Neste quarto o tempo é medo
E o medo faz-nos sós

És tu quem quer mas eu só sei ver
Que o tempo já passou e eu fugi
Que aqui está frio demais p'ra me sentir
Mas queres ficar

Tudo o que é meu
É tudo o que eu não sei largar
Queres levar
Tudo o que é meu
É tudo o que eu não sei largar
Vem rasgar o escuro desta
Chuva que sujou
Vem, que a água vai
Lavar o que me dói
Vem, que nem o ultimo a cair
Vai perder

Milagrário Pessoal, José Eduardo Agualusa

São palavras originárias de várias línguas, é a busca dos neologismos, é a linguagem dos pássaros, é uma história de amor. Iara, jovem linguista, procura neologismos para serem incluídos nos dicionários. Para isso pede ajuda ao antigo professor - ex anarquista angolano - e cumprem-se viagens, estórias e conversas. Personagens hilariantes, lugares improváveis e o amor, o desejo.
Agualusa é um grande defensor do Acordo Ortográfico, eu ainda sou resistente, apesar de compreender os seus argumentos - provavelmente acabarei por me render.
Ainda sobre o livro, Bruno Vieira Amaral escreveu, entre outras coisas, que Palavras também são poder, política no sentido mais lato. Podem significar insubmissão, como no caso do timorense que declamava sonetos de Camões. Podem siginificar afirmação nacionalista, como no caso das elites brasileiras que passaram a utilizar apelidos de origem tupi. Podem significar subversão, como o colonizado que pretende colonizar a língua do colonizador para assim o dominar.

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Rir é mesmo o melhor remédio...

No meio duma troca de e-mails, normalmente parvos com algumas coisas sérias à mistura (esta não é a parte séria!)

Vou comprar comida que aqui em África dizem que há fome!

Não percebo porquê!
É só ir ao supermercado.