Na vida real as aparências estão do outro lado do espelho. Na vida real não me assemelho à simulação das evidências (SG)
quinta-feira, maio 17, 2012
Preciso mentir que te amo
Te dizer baixinho no ouvido
Te abraçar e fazer de conta
Que nesse amor não duvido
Preciso agora de um bem
Pode ser que amanhã
Eu me esqueça
e a olhar da janela de um trem
Um novo amor me apareça
Acordar de manhã
e fazer um café p'ra você
abraçar-te com cuidado
e depois adormecer-te
no meu porto
As Últimas Notícias do Sul, Luís Sepúlveda e Daniel Mordinski
«Este livro nasceu como a crónica de uma viagem realizada por dois amigos, mas o tempo, as mudanças violentas da economia e a voracidade dos triunfadores transformaram-no num livro de notícias póstumas, no romance de uma região desaparecida. Nada do que vimos existe tal como o conhecemos. De certo modo fomos os afortunados que presenciaram o fim de uma época no Sul do Mundo. Desse Sul que é a minha força e a minha memória. Desse Sul a que me aferro com todo o amor e toda a raiva.
Estas são, pois, as últimas notícias do Sul.»
É um livro que começa no paralelo 42º Sul em San Carlos de Bariloche e o regresso pela Patagónia chilena até à ilha de Chiloé. É, acima de tudo, um livro de pessoas. Uma viagem feita algures na década de 1990 por Luís Sepúlveda e Daniel Mordinski. Tem retratos e paisagens, tem o cheiro da Patagónia, tem o amor das gentes do Sul e a sua hospitalidade. Tem a crítica feroz aos que não respeitam a terra nem as gentes. Tem política, economia e amor. Tem tudo.
Estas são, pois, as últimas notícias do Sul.»
É um livro que começa no paralelo 42º Sul em San Carlos de Bariloche e o regresso pela Patagónia chilena até à ilha de Chiloé. É, acima de tudo, um livro de pessoas. Uma viagem feita algures na década de 1990 por Luís Sepúlveda e Daniel Mordinski. Tem retratos e paisagens, tem o cheiro da Patagónia, tem o amor das gentes do Sul e a sua hospitalidade. Tem a crítica feroz aos que não respeitam a terra nem as gentes. Tem política, economia e amor. Tem tudo.
quarta-feira, maio 09, 2012
Os sonhos são as minhas únicas orações. Deus que não me leve a mal. É que apenas me sobra uma pequena e temporária alma. Apenas à noite esse espírito se acende, em delicado sussurro para que ninguém mais escute. Peço desculpa por esta despromoção para bicho. Ter alma, contudo, é um peso que, só morto, sou capaz de suportar. Foi por isso que amei tanto, em tantos enganados amores. É por isso que caço. Para ficar vazio. Isento de ser homem.
Retirado do "Diário do Caçador".
A Confissão da Leoa, Mia Couto
Só há um modo de escaparmos a um lugar: é sairmos de nós. Só há um modo de sairmos de nós: é amarmos alguém. Excerto roubado aos cadernos do escritor.
Um acontecimento real: Em 2008, a empresa e, que trabalho enviou quinze jovens para atuarem como oficiais ambientais de campo durante a abertura de linhas de prospeção sísmica em Cabo Delgado, no Norte de Moçambique. Na mesma altura e na mesma região, começaram a ocorrer ataques de leões a pessoas. Em poucas semanas, o número de ataques fatais atingiu mais de uma dezena. Esse número cresceu para vinte em cerca de quatro meses.
É assim que se inicia o livro, com uma "explicação inicial" do autor. Depois, a história: entre a Versão de Mariamar e o Diário do Caçador. Uma aldeia no meio do nada onde os ataques dos leões se multiplicam. Uma aldeia em que a mulher é prisioneira dos usos e costumes. Um administrador, sua mulher Naftalinda. O escritor que acompanha a "expedição" da caça aos leões. Um caçador que, no fim de contas, não é capaz de caçar.
É conhecida a minha paixão por Mia. Este é só mais um livro que não se pode deixar de ler.
Um acontecimento real: Em 2008, a empresa e, que trabalho enviou quinze jovens para atuarem como oficiais ambientais de campo durante a abertura de linhas de prospeção sísmica em Cabo Delgado, no Norte de Moçambique. Na mesma altura e na mesma região, começaram a ocorrer ataques de leões a pessoas. Em poucas semanas, o número de ataques fatais atingiu mais de uma dezena. Esse número cresceu para vinte em cerca de quatro meses.
É assim que se inicia o livro, com uma "explicação inicial" do autor. Depois, a história: entre a Versão de Mariamar e o Diário do Caçador. Uma aldeia no meio do nada onde os ataques dos leões se multiplicam. Uma aldeia em que a mulher é prisioneira dos usos e costumes. Um administrador, sua mulher Naftalinda. O escritor que acompanha a "expedição" da caça aos leões. Um caçador que, no fim de contas, não é capaz de caçar.
É conhecida a minha paixão por Mia. Este é só mais um livro que não se pode deixar de ler.
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