segunda-feira, outubro 17, 2011

Inevitável é a tua Tia!

Sábado, 15 de Outubro de 2011. Várias cidades do mundo aderem ao protesto mundial do movimento dos “indignados”. Em Portugal, várias cidades para além de Lisboa e Porto organizam – como podem – o protesto. Em Coimbra, estava marcado para as 15 horas na Praça da República o início do protesto, e a Assembleia Popular para as 19 horas na Praça 8 de Maio. Passava pouco das 15 horas e lá fui eu. Porque acredito em movimentos apartidários – porque só com esses me identifico – e porque acho que, todos juntos, podemos fazer alguma coisa. Naturalmente que sou obrigada a reconhecer que estas últimas medidas “de austeridade” (um dia, se estiver para ai virada, escreverei sobre isso) serviram para ter a certeza do meu programa de sábado à tarde. Honestamente tinha coisas bem mais interessantes para fazer, mas achei que fazia sentido participar. Dizia eu que cheguei pouco depois das 15 horas, ainda poucas pessoas se viam na Praça, a maioria a pintar cartazes enquanto iam chegando mais alguns “indignados”. Não fiz uma análise profunda, mas fui fazendo a minha análise à medida que o tempo passava e ia falando ao telefone com alguns amigos (sempre ajuda a passar o tempo quando nos apercebemos que não conhecemos ninguém). Comecei por perceber que estavam muitos jovens estrangeiros: apercebi-me de um grupo de espanhóis, de alguns brasileiros, jovens que, suponho, estão a fazer Erasmus ou qualquer tipo de intercâmbio na UC. Jovens que perceberam a importância deste protesto e que, por não poderem participar no seu país, fizeram-no no país que os está a receber. Muitos outros, gerações mais velhas – talvez muitos deles da “geração de Abril” – pessoas da idade dos meus pais, pessoas que se preocupam (ainda que possamos referir que esses também tem a sua parte de responsabilidade no estado das coisas – não é isso que aqui interessa agora) e que fizeram questão de aparecer. Conhecia muitas pessoas de vista, algumas sabia quem eram, outras não sabia mas estavam ali. Eram muito poucas pessoas. À 5ª feira à noite vou à praça da República habitualmente beber um copo: nesta altura do ano, graças à praxe académica ou lá o que é aquilo, vejo mais gente na praça do que vi no sábado. Pergunto onde estão esses estudantes universitários que se lembram de andar a infernizar a vida de caloiros até às tantas da manhã, mas não se lembram que é o futuro deles que está em jogo neste mundo dito globalizado, virado para interesses económicos que em nada contribuem para o bem comum. Pergunto onde estavam os meus amigos de Coimbra, pergunto onde estavam todos aqueles que tantas vezes se insurgem e tão poucas vezes fazem alguma coisa para além de dizerem que estão “fartos”.

Fui como indignada, saí dali mais indignada ainda. Sem esperança. Com (ainda mais) vontade de ir embora.


Fotos retiradas de oblogouavida.blogspot.com

4 comentários:

maria disse...

os teus amigos de coimbra estavam com os meus do porto.

ir embora para onde? http://en.wikipedia.org/wiki/Mark_Boyle_%28Moneyless_Man%29


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Anónimo disse...

Nós (leste bem, nós... o J. e eu!) estivemos na manif em madrid... e estava para lá de muita gente. talvez com os de coimbr e os do porto.

JoaninhaLibelinha disse...

Maria, creio que estarás enganada, mas como eu estava em Coimbra e não no Porto... não discuto! :) Ir embora para um sítio onde tenha trabalho, que isto por aqui não está fácil. E o resto do mundo é o limite! :)
ana ki'ik: a minha alma está parva! e orgulhosa!!!!!
Beijos e saudades às duas!

m disse...

para dizer que os meus também não estavam lá.

a minha alma está certa pequena ana, e consolada.

eu percebi o ir embora joana, não sei é se os lugares possíveis têm o mesmo caminho traçado.

bj e saudades! ++