quinta-feira, abril 26, 2012

O Retorno, Dulce Maria Cardoso

Rui é o narrador e também um jovem adolescente que vivia em Angola com a família em 1974. Nunca conheceu a metrópole até ser obrigado a fugir para lá. O pai fora preso horas antes por angolanos, não partiu com ele, a mãe e a irmã. Rui chega à metrópole como o "homem da família" que sente que tem de cuidar. Vão para um hotel como muitos dos retornados, até conseguirem refazer a vida. Mas as esperanças da metrópole rapidamente caem por terra. O retorno não é o exílio, mas podia ser. As saudades de África, o medo de o pai ter morrido, a metrópole que os não trata bem. A mulher do porteiro Queine. Os amigos que deixou. A escola em que a "puta" da professora de matemática manda os retornados para o fim da sala e nem se preocupa em saber o nome deles.
É um livro de tristezas, mas de esperanças e de sonhos. O pai acaba por chegar. O Tio Zé já não é "paneleiro", apareceu com a noiva.
Uma obra brilhantemente escrita.

Obrigada, M.

quinta-feira, abril 19, 2012

És abraçada todos os dias. Todos os dias sentes saudades. Tens, a todas a horas, provas de amor.
Esqueces-te muitas vezes disso. Nos recantos do teu cérebro, onde está tudo engavetado ainda que desarrumado, paira a confusão a maioria das vezes.

Arruma-te.

terça-feira, abril 17, 2012

1Q84, Vol. II Haruki Murakami

É aqui, definitivamente, que se confirma o mundo paralelo de 1Q84. As personagens centrais são as mesmas: Aomame, Tengo e Fuka-Eri. Neste volume tudo se começa a desvendar, a relação entre as personagens centrais é cada vez mais intensa e as duas luas vieram para ficar. Aomame faz uma promessa por amor, sacrificando eventualmente a sua própria vida. Aqui há muito mais do ano de 1Q84 do que do ano de 1984. O Universo da música, do amor e dos gatos (ainda que os felinos tenham aqui muito menos protagonismo do que em outras obras de H.M.).

As Aventuras de Sherlock Holmes, Arthur Conan Doyle

Um conjunto de 12 contos inicialmente publicados numa revista britânica, prende o leitor do princípio ao fim. É o método "lógico-dedutivo" de Holmes apoiado pelo inestimável amigo Dr. Watson. Holmes é sempre chamado pela polícia britânica quando esta não consegue resolver algum caso, ou por pessoas que o procuram como detetive privado. O bom velho Sherlock é tido como inteligente e acutilante. E é.

A excitação da noite


O impensável aconteceu. Nunca me esqueci do dia em que ouvi na televisão um excerto deste livro. Cheguei a procurar isto na internet – por me recusar a comprá-lo, nem sei se ainda existe – e nunca encontrei. Hoje fui a um dos meus blogues preferidos. Eis que a Livreira Anarquista fez uma publicação sobre o livro “Sandálias de Prata” de Cristina Caras Lindas. Eu nem queria acreditar. Li na diagonal, só à procura do que me lembrava: a palavra “bidé” e a descrição do amor que um homem sente (ou pode sentir) quando vê uma mulher na sanita ou no bidé. A beleza da coisa, portanto. Não cabia em mim de contente quando esse excerto apareceu. Aqui fica a parte mais importante, o resto pode ler-se neste post divinal.

Ao ler esta maravilhosa passagem, ocorreram-me vários pensamentos. Um deles foi esperar que a minha moribunda avó - se algum dia ficar moribunda antes de morrer - nunca se lembre de um ensinamento destes ou, sequer, algo parecido. Ninguém merece.


“Lembrou daquela tarde em que ele entrou na casa de banho, ela estava no bidé, de costas para a porta, quando ouviu a voz de João, olhou para trás. Com as pernas, uma de cada lado, nas pontas dos pés, curvou-se para olhá-lo, curvando a cintura.

 - Fica quieta – disse-lhe João. – Fica assim, eu já volto. Foi buscar as sandálias prateadas, calçou-a e pediu-lhe para ficar assim um momento. Ela misturou o sorriso ao corpo nu com a sensualidade natural que os cabelos caídos nos ombros lhe emprestaram.

 - Sabes, Laura, quando é que um homem tem a certeza que está apaixonado por uma mulher?

 - Não.

 - Isto disse-me a minha avó. Ela era especial e delicada, paciente e sofrida. Antes de morrer, já doente, muito doente, pediu-me para ir ter com ela ao jardim para me mostrar a última rosa que, possivelmente, ela ia ver, uma rosa amarelecida, cor de chá. Ela era muito triste, mas um dia falo-te disso.

 - Então quando é que um homem sabe que está apaixonado por uma mulher?

 - Quando a vê na sanita ou no bidé e consegue ficar ainda mais enternecido. "

(negrito e sublinhado feitos por mim).

domingo, abril 08, 2012

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Chegar a casa de madrugada e ter um pai ao cimo das escadas com uma caçadeira imaginária. Ter um ataque de riso às 5 da manhã a meio da escadaria que já não me lembrava de subir com álcool no sangue. Acordar cedo, porque é uma casa cheia de gente que madruga. É ser acordada com beijinhos paternos porque já são horas. É não ter descanso, por mais que feche os olhos no sofá. É o canal Panda e "esborrachar os piquilinos com beijinhos". É tentar não fazer barulho a chegar a casa e já não me lembrar de metade dos truques.
São amigos que passam e cafés improváveis. É fugir de casa a meio da tarde porque já não aguento, mas voltar passado pouco tempo porque pode ser preciso alguma coisa. É não fazer o que me apetece porque não me posso afastar muito.
Hoje voltou tudo ao normal, ao início da noite. Hoje volto à minha casinha, onde a net vai abaixo e não tenho TV Cabo. Arrumar a roupa e a casa, trazer de volta a televisão e ficar. Que saudades de ficar.

Foi só uma semana.

quarta-feira, abril 04, 2012

Hoje

Recebi um livro "porque estava tristinha". Há pessoas que sabem mesmo fazer-me feliz.