terça-feira, dezembro 29, 2009

Não gosto de balanços

Nunca gostei, acabo sempre por considerar importante o que no final acaba por ser supérfluo. Supostamente não gosto de anos ímpares, e normalmente são os que trazem mudanças - e eu gosto de mudanças. Não gosto do espírito "foi mais um ano que passou", como se fossem todos iguais, mais ou menos equivalente ao "vai-se andando" ou ao "menos mal" que me irritam profundamente (há coisas que, por mais que os anos passem, não mudam em mim).
Gosto de recomeços, ainda que por vezes seja tão difícil pôr pontos finais. A pontuação é, de facto, um dos maiores problemas da minha vida (ok, esta nem eu entendo muito bem, mas no fundo faz sentido). Tenho muita dificuldade em fazer parágrafos ou mudar de capítulo, por isso não há promessas de recomeços, de finais, de coisas definitivas. Não sei se foi este ano, mas se não foi ajudou muito: aprendi que nada é para sempre e isto vale para o bom e para o mau - apesar de tudo, mais para o mau do que para o bom, o que é óptimo. Se faço sentido? Provavelmente não, mas estou-me nas tintas! Deixo os entendimentos para o ano que vem e não é adiar muito, como tantas vezes faço.

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Sim, sou optimista

mas não tenho de ser sempre. Não tenho de aceitar de sorriso nos lábios o que não compreendo. Na vida somos o que somos. Ponto.
Todos temos maus momentos, eu tenho (muitas vezes) os meus. Não têm de me aturar, se o fazem é porque querem, porque talvez me compreendam melhor do que eu mesma. O que eu não compreendo não tenho de aturar. Não compreendo quem apregoa felicidade sabendo que não é feliz. Não compreendo como é que se pode ter uma visão dum mundo que não existe: e nada disto tem a ver com teorias políticas ou ideológicas, tem a ver com a vida como ela é.

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Em jeito de sms

Bati-te à porta e não estavas.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

A Ignorância, Milan Kundera

Quando se fala da obra de Kundera, não se pode dissocia-la da vida do autor. Exilado em França desde 1975, depois de ter sido expulso (pela 2ª vez) do Partido Comunista Checo e de uma intensa actividade política, Kundera acaba sempre por, na sua obra litarária, escrever sobre os temas da emigração, da política, da liberdade, da saudade.
"A Ignorância", publicado em 2000, tempos depois da Queda do Muro e do Comunismo na actual República Checa, não foge à regra, mas desta vez aborda o "sentido" de voltar à terra natal. E objectivamente não lhe dá grande sentido, uma vez que as lembranças têm uma espécie de validade e os laços não são eternos.  Faz constante referência à "Odisseia" de Homero, em que Ulisses volta ao lar depois da Guerra de Tróia e pouco se identifica com a realidade que o rodeia (fez-me recordar também o inferno das Traduções de Latim para Português nos meus tempos de Liceu).

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Caim, José Saramago

Muito já se escreveu sobre o assunto. Digo "o assunto" propositadamente, porque muito pouco se disse do livro enquanto obra literária. Sobre o livro tenho a dizer que é brilhante, como todos os que li de Saramago. Literariamente brilhante. "Caim" não pretende ser - não pode pretender - literatura histórica, mas só pode ter sido escrito por alguém que conhece muito bem o Antigo Testamento. É verdade que Saramago se excede naquilo que considera ser a história de Caim - o livro refere, aliás, não só a vida de Caim, mas todo o Primeiro Livro do Génesis, uma vez que "descreve" aquilo que considera ser a história de Adão e Eva, Abel e Caim, Torre de Babel, Arca de Noé - tudo através da vida de Caim. E sim: é brilhante.
Não posso, no entanto, deixar de dizer o que penso sobre a polémica lançada pelo autor. Saramago excedeu-se no que disse e sublinho "disse" porque penso que relativamente ao que escreve, por muito pouco que se goste, é uma questão de "livre arbítrio" e de uma interpretação que, ainda que não concordando com ela, lhe reconheço o direito de ter. Ainda assim não posso reconhecer o livro como uma "verdade histórica" uma vez que o 1º Livro do Génesis não é histórico, mas uma interpretação histórica da situação humana, uma interpretação teológica e só pode ser lido desta maneira.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Budapeste

Aeroporto da Portela, 4 da madrugada. Avião-Escala-Avião (faz-me pensar que já pisei quatro vezes solo Alemão e nunca fui à Alemanha - registo para próxima viagem).
Budapeste:
Viagem até ao Hotel: o susto. Prédios devolutos, verdadeiros monumentos em ruínas.
Passeio, apesar do sono, da "quase-directa", caminhar por Peste. O centro, a cidade junto ao Danúbio. O Parlamento visto por fora, a cidade mais cuidada, mais cosmopolita. Comprar bilhetes na Ópera para um espectáculo de Jazz, Dança, Tec (que se revelou surpreendentemente bom). Por mero acaso, a feira de Natal que já tínhamos programado visitar, embora não naquele dia. Gente e mais gente. Vinho quente, cheiro a doces e a comida, muito artesanato, muita pele. Uma visão geral de Peste que nos serviu de muito para o resto da estada.
Dia 2: Visita ao "Memento Park" onde "jazem" as estátuas da altura da Guerra Fria, em que a Hungria "foi passada" para os Soviéticos. As botas de Estaline, estátuas imponentes que revelam bem os anos de regime soviético que a Hungria viveu. Curiosamente, nenhum húngaro a quem perguntámos se sabia como se ia para lá pareceu conhecer tal Parque.
Visita ao lado Buda, um almoço primordial (a cozinha húngara, é, aliás, muito boa) para dar forças para subir já de noite até à Citadella, com uma vista linda sobre o Danúbio e sobre Peste.
Dia 3: Visita à zona de "Castle Hill" do lado Buda, com zonas fantásticas, casas cuidadas, Igrejas belíssimas e, mais uma vez, uma vista sobre Peste que não dá para esquecer. De volta a Peste, mais um passeio, a Basílica de Santo Estevão, o mercado Húngaro, um bocadinho de descanso para o espectáculo na Ópera com amigos que se encontram no aeroporto e com quem se passam momentos tão agradáveis como inimagináveis. Jantar mais uma vez melhor que bem e em boa companhia.
Os Húngaros parecem um povo triste, por vezes antipático (salvaguardanto, no entanto, muitas das pessoas com quem nos cruzámos em restaurante e sítios tipicamente turísticos que foram sempre de uma simpatia e educação extremas - quase sempre, vá!).

Obrigada M. pela companhia e por sermos parecidas em tanta coisa no que respeita ao espírito do viajante!

Pensamento do Dia

Nasci para viajar, para ser cidadã do mundo.
Lá chegarei.