quinta-feira, dezembro 03, 2009

Caim, José Saramago

Muito já se escreveu sobre o assunto. Digo "o assunto" propositadamente, porque muito pouco se disse do livro enquanto obra literária. Sobre o livro tenho a dizer que é brilhante, como todos os que li de Saramago. Literariamente brilhante. "Caim" não pretende ser - não pode pretender - literatura histórica, mas só pode ter sido escrito por alguém que conhece muito bem o Antigo Testamento. É verdade que Saramago se excede naquilo que considera ser a história de Caim - o livro refere, aliás, não só a vida de Caim, mas todo o Primeiro Livro do Génesis, uma vez que "descreve" aquilo que considera ser a história de Adão e Eva, Abel e Caim, Torre de Babel, Arca de Noé - tudo através da vida de Caim. E sim: é brilhante.
Não posso, no entanto, deixar de dizer o que penso sobre a polémica lançada pelo autor. Saramago excedeu-se no que disse e sublinho "disse" porque penso que relativamente ao que escreve, por muito pouco que se goste, é uma questão de "livre arbítrio" e de uma interpretação que, ainda que não concordando com ela, lhe reconheço o direito de ter. Ainda assim não posso reconhecer o livro como uma "verdade histórica" uma vez que o 1º Livro do Génesis não é histórico, mas uma interpretação histórica da situação humana, uma interpretação teológica e só pode ser lido desta maneira.

Sem comentários: