terça-feira, novembro 30, 2010

Pensamento do dia

"Não há pior analfabeto que o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. O analfabeto político é tão burro que se orgulha de o ser e, de peito feito, diz que detesta a política. Não sabe, o imbecil, que da sua ignorância política é que nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, desonesto, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."


Berltolt Brecht

sexta-feira, novembro 19, 2010

Dias mais Alegres?

“Sei que há pouco dinheiro mas tem que haver dinheiro para o essencial. Comigo na Presidência ninguém toca no SNS, na escola pública, na segurança social pública e nos direitos laborais dos trabalhadores. O candidato que se recandidata não diz o que fará se isso acontecer. Pois eu digo: veto e usarei todos os poderes presidenciais para defender esses direitos e para defender o conteúdo social da nossa democracia”.


Manuel Alegre

Via Arrastão. A ser verdade basta isto para ter o meu voto. A ver vamos.

quinta-feira, novembro 18, 2010

Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa

Ainda bem que há uns que se recusam a fazer horas extraordinárias, a avaliar por estas pérolas...

Cabo da GNR acusado de insubordinação por ter mandado "pró C..." um 2º Sargento:

Segundo as fontes, para uns a palavra “caralho” vem do latim “caraculu” que significava pequena estaca, enquanto que, para outros, este termo surge utilizado pelos portugueses nos tempos das grandes navegações para, nas artes de marinhagem, designar o topo do mastro principal das naus, ou seja, um pau grande. Certo é que, independentemente da etimologia da palavra, o povo começou a associar a palavra ao órgão sexual masculino, o pénis. E esse é o significado actual da palavra, se bem que no seu uso popular quotidiano a conotação fálica nem sequer muitas vezes é racionalizada.
Com efeito, é público e notório, pois tal resulta da experiência comum, que CARALHO é palavra usada por alguns (muitos) para expressar, definir, explicar ou enfatizar toda uma gama de sentimentos humanos e diversos estados de ânimo.
Por exemplo “pra caralho” é usado para representar algo excessivo. Seja grande ou pequeno demais. Serve para referenciar realidades numéricas indefinidas (exº: "chove pra caralho"; "o Cristiano Ronaldo joga pra caralho"; "moras longe pra caralho"; "o ácaro é um animal pequeno pra caralho"; "esse filme é velho pra caralho").

Ler todo o acórdão aqui
I'm not calling you a liar,

Just don't lie to me.
I'm not calling you a theif,
Just don't steal from me,
I'm not calling you a ghost,
Just stop haunting me,
And i'll love you so much,
I'm gonna let you,
Kill me.

Florence and the Machine

Estes gajos adoram passar os limites

A televisão trouxe a notícia da libertação de Aung San Suu Kyi, e é claro que fiquei satisfeito. Sou em princípio a favor de todas as libertações, mas talvez desta ainda mais do que é costume. Não por Suu Kyi ser Prémio Nobel da Paz e Prémio Sakarov: na verdade são galardões que pela sua própria história me inspiram alguma desconfiança e dispenso-me de explicar porquê. Mas acontece que Suu Kyi é mulher e que para mais tem aquele arzinho fisicamente frágil que nos dá cuidados quando a imaginamos presa. É certo que na sua própria residência, que é capaz de ser mais confortável que a minha. Mas imagino que deve ser terrível para uma mulher, para mais senhora de boa disponibilidade financeira, não poder sair de casa para ir às compras no hipermercado mais próximo.

Ler na íntegra aqui. Por Correia da Fonseca, um energúmeno.

Pensamento do dia (da semana, do mês...)

Ando com imensa dificuldade em entender as pessoas. Mais dificuldade ainda em não as mandar para "o outro lado".

terça-feira, novembro 16, 2010

Pulhas!

Não há blogue ou jornal que não fale da crise, da potencial (ou objectiva) falência do País, da vinda do FMI, da dívida externa, do PIB e DA PATA QUE OS PÔS.
Continua a haver desperdício, continua a haver despesismo, continua a haver a arrogância de certos priveligiados que acham que são donos disto tudo: pois que são donos duma bela merda.  Sim, uma bela merda. Lembro-me de uma parte da letra duma música dum grupo que uns amigos de Liceu (na saudosa década de 90, imagine-se!) tinham: "Se dinheiro fosse merda/Portugal já era rico/Se as putas fossem flores/Portugal era um jardim". Pulhas, e substituam o LH por um T que é isso mesmo.

segunda-feira, novembro 15, 2010

O Negro e o Negro

Andas a ver tudo a preto e branco. O que devia ser a cores não pode ser, porque houve escolhas que vos alteraram a visão para sempre. Dizer que só querias voltar atrás não serve de nada, por mais que isso pareça a coisa mais bonita que se pode dizer.

Podiam estar a envelhecer juntos e não estão. Podiam estar a viver aquele amor avassalador que vos apanhou de surpresa, que começou no dia em que se viram, que continuou pelo tempo possível por mais impossível ou improvável que o amor à primeira vista pudesse parecer.

Sabes que tens de guardar essas palavras para ti, que tens de fazer o que é certo, por mais que te pareça tão errado o que tem de ser feito.

Também podiam não estar juntos como na verdade não estão, é possível que o amor tivesse escapado, só que mais tarde.

Viram o farol quando estavam quase a encalhar e acabaram por encalhar de propósito. Só para poderem ficar mais um bocadinho um junto ao outro, mesmo sabendo que desencalhariam mais tarde ou mais cedo, que iam desembarcar e levar um banho de mar e realidade.

Nunca chegaram a aproveitar verdadeiramente o bocadinho que tiveram, a luz do farol, o barulho da ronca recordou-vos sempre que não era ali que deviam estar. 

Há alturas em que na vida se tem de ver preto no branco. A preto e branco tem tantas possibilidades quantas vocês não têm.

quinta-feira, novembro 11, 2010

Marina, Carlos Ruiz Zafón

É um livro anterior a "A sombra do Vento" (o meu preferido) e "O jogo do Anjo" mas só editado agora em Portugal. É também, segundo o autor, o seu favorito: "De todos os livros que publiquei desde que comecei neste estranho ofício de romancista, lá por 1992, Marina é um dos meus favoritos". Ainda que discordando do próprio, "Marina" tem muitas marcas do autor: a cidade de Barcelona e edifícios escondidos, mistério, criaturas fantasmagóricas e uma bonita história de amor. O narrador e personagem central, Óscar, retrocede 15 anos para contar a história que o marcaria para sempre. Em 1980 conhece Marina e a sua vida nunca mais será a mesma. Zafón habituou-nos a uma belíssima escrita, com descrições de uma Barcelona que muitos desconhecem. Desta vez não há nenhum "cemitério dos livros esquecidos" (pelos vistos surgiu mais tarde) nem estórias rodeadas de livros, e talvez por isso "Marina" não me tenha apaixonado tanto como os livros que li anteriormente (ainda que tenham sido escritos mais tarde). A prova de que a morte é o mais certo da vida, e que tentar fintá-la fingindo ser um qualquer Deus de nada serve.

quarta-feira, novembro 10, 2010

Pensamento do dia

"Ainda não manejei nenhuma arma que não fizesse ricochete"

Jorge Palma

Fuga para a frente

Fui embora devagar, como quem não vai mas vai. Fui saindo, a dar passos para trás porque não gosto de virar as costas. Tinha de ser, às vezes temos de ir embora devagarinho, sem pressa ou despedidas.

Não te disse adeus, não te apercebeste que fui. Porque parece que estou, sem que entendas que na verdade não estou. Não é um jogo de palavras: não te olho, não te vejo mesmo que estejas à minha frente porque não te quero ver, não te sorrio porque não me apetece, não tenho vontade.

Um dia talvez grite, talvez me dê ao trabalho de explicar ou de pedir que me expliques o inexplicável.

Hoje não. Tenho grande parte do que preciso para ser feliz. O buraco fechou, aquele junto ao ventrículo esquerdo.

terça-feira, novembro 09, 2010

Daquelas coisas que só me acontecem a mim...

A Cristina, minha adorada 2ª mãe, estava ontem doente. Chegada a casa, em conversa com o Papi, percebi que não teria melhorado e resolvemos que não era preciso ir trabalhar hoje. Como já era tarde, enviei-lhe uma mensagem, enviando também de seguida uma ao Carlitos, o filho, para o caso de ela não ler a mensagem antes de sair de casa. Passado um bocado recebo uma chamada de um número não identificado que não atendi (a partir de determinada hora, lamento, mas não atendo números privados). Deixaram uma mensagem que não tive pressa em ouvir. Mais tarde recebo uma chamada do suposto Carlitos, que rejeitei e devolvi:
"Carlitos, é a Joaninha, era para dares o recado à tua mãe para ficar em casa amanhã"
"Está bem, já lhe dei o recado".
Estranhei que não dissesse mais nada, mas fiquer descansada. Antes de me deitar fui ouvir a mensagem de voz que tinha no telemóvel. Era uma senhora que não era a Cris:
"Olhe, boa noite, o meu filho recebeu uma mensagem a dizer para não ir trabalhar amanhã, mas eu não conheço este número e não recebi mensagem nenhuma no telemóvel. Agradecia que me contactasse para o número********".
Passava das duas da manhã, não ia ligar. Enviei mensagem ao suposto Carlitos a dizer que foi claramente um engano e a pedir desculpa. A senhora provavelmente terá pensado que ia ser despedida, ou que era uma brincadeira de mau gosto.
Eu já entrei inadvertidamente em contas de e-mail que não eram minhas, já enviei mensagens escritas por engano a um dos meu chefes e a chamar-lhe "amora", enfim, já cometi tantas gaffes na minha vida que nem sei. É mais uma, para um rol de acontecimentos que fazem de mim uma pessoa potencialmente perigosa.