segunda-feira, novembro 15, 2010

O Negro e o Negro

Andas a ver tudo a preto e branco. O que devia ser a cores não pode ser, porque houve escolhas que vos alteraram a visão para sempre. Dizer que só querias voltar atrás não serve de nada, por mais que isso pareça a coisa mais bonita que se pode dizer.

Podiam estar a envelhecer juntos e não estão. Podiam estar a viver aquele amor avassalador que vos apanhou de surpresa, que começou no dia em que se viram, que continuou pelo tempo possível por mais impossível ou improvável que o amor à primeira vista pudesse parecer.

Sabes que tens de guardar essas palavras para ti, que tens de fazer o que é certo, por mais que te pareça tão errado o que tem de ser feito.

Também podiam não estar juntos como na verdade não estão, é possível que o amor tivesse escapado, só que mais tarde.

Viram o farol quando estavam quase a encalhar e acabaram por encalhar de propósito. Só para poderem ficar mais um bocadinho um junto ao outro, mesmo sabendo que desencalhariam mais tarde ou mais cedo, que iam desembarcar e levar um banho de mar e realidade.

Nunca chegaram a aproveitar verdadeiramente o bocadinho que tiveram, a luz do farol, o barulho da ronca recordou-vos sempre que não era ali que deviam estar. 

Há alturas em que na vida se tem de ver preto no branco. A preto e branco tem tantas possibilidades quantas vocês não têm.

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