Na vida real as aparências estão do outro lado do espelho. Na vida real não me assemelho à simulação das evidências (SG)
domingo, outubro 30, 2005
O meu pensamento
“não é a intensidade do amor que prevalece, as pessoas são diferentes: não por terem nascido diferentes mas por serem amadas de maneira diferente”
quarta-feira, outubro 26, 2005
Dormir Feliz
Acontecem-nos coisas na vida que nunca esperaríamos. Havia coisas em que não acreditava, que pensei que estivessem resolvidas na vida e no coração por puro esquecimento. De repente Deus põe-nos à prova. Cada vez mais acredito que foi Ele, porque não há coincidências destas. Porque estou a ter oportunidade que me reconciliar com o passado e parece que é tudo um sonho. Nada de extraordinário, mas é óptimo ter a sensação de que já temos muito poucas coisas ou nenhumas, até, mal resolvidas... É tão bom irmos dormir com essa sensação, de que agimos bem, de que não guardamos rancores, de que conseguimos perdoar mesmo quando não há nada para perdoar a ninguém a não ser a nós mesmos. Perdoo-me as criancisses do passado. Perdoo-me a impulsividade com que tantas vezes agi. Perdoo-me todos os erros, porque afinal fui eu que paguei por eles. E vou mesmo dormir feliz...
segunda-feira, outubro 24, 2005
Querida I,
Todos os dias tenho pensado em ti, muitas vezes durante cada dia, horas que sei que para ti têm custado a passar, horas que queria estar a passar ao teu lado e não posso, porque não devo, porque há coisas por que todos temos de passar e que mais ninguém pode ultrapassar por nós. Liguei-te hoje, não te quero ligar mais. Porque não sei se é a melhor hora, embora saiba que não há horas para dizer aos amigos que estamos com eles. Estou aqui a navegar, naveguei pelo teu blogue e apeteceu-me chorar. Porque senti qualquer coisa que sei que não disseste mas sentiste. Quero estar contigo e estou, queria tanto ajudar-te e só o posso fazer com palavras. "Somos obrigados a pensar com palavras, a sentir com palavras, se queremos pelo menos que os outros sintam connosco. Mas as palavras são pedras" escreveu um dia Vergílio Ferreira, naquele pesadelo do nosso secundário (onde isso já vai) que foi a Aparição. Como hoje me lembrei dele? Não sei, mas afinal sempre aprendi alguma coisa nesses tempos. Aprendo agora que há pessoas que ficam para sempre, sabes há quantos anos somos amigas? Eu não sei bem, mas foram muitos... Desde antes dos tempos da Aparição. Apetecia-me enviar-te o tal postal de que falavas no Blogue, apetecia-me dizer-te o quanto gosto de ti, que não estás sozinha, que Ela também não está sozinha porque te tem a ti. Que ninguém que te tenha está sozinho, porque sim. Parece simples, I. E é. Muito simples. Até a vida que parece às vezes mais complicada do que nunca. A sério. Prometo, apesar de saber que não devo prometer o que é possível que não possa cumprir. Mas é o meu desejo, pelo menos. Força, Amiga.
Cuidar bem do próximo
Mas um samaritano, que seguia de viagem, veio por junto dele e, quando o viu, encheu-se de compaixão. Jon. 1, 1-2. 1- 11 / Lc. 10, 25-37
Encontramos ao longo da nossa vida, todos os dias, alguém que precisa de auxílio. Muitas vezes não nos apercebemos, por estarmos tão preocupados com os nossos próprios problemas, com a nossa vida. A miséria dos outros nem sempre nos afecta, talvez por haver muita ou simplesmente por estarmos contaminados pelo egoísmo que reina por toda a parte. Num mundo cada vez mais individualista, esquecemo-nos muitas vezes que sem os outros não viveríamos, que é através dos outros que tudo o que conseguimos, vivemos, tudo por que lutamos faz sentido.
quinta-feira, outubro 20, 2005
Os amigos
Os amigos. Entrariam-nos numa casa em chamas para nos salvarem. Mentem por nós à nossa própria mãe. Sabem de nós mais do que somos capazes de lhes dizer. Jurariam que à hora do crime estávamos a tomar chá com eles. Mesmo que a polícia nos encontrasse com as mãos cheias de sangue. “São rosas, senhores. Andei com ela toda a tarde a cortar rosas, senhores. Sangue de espinhos, senhores.”
Eles exigem-nos coisas do nada. As nossas lágrimas. O nosso lenço de assoar. A pele dos nossos inimigos. As batatas fritas do nosso bife. A nossa melhor roupa, por uma noite. Exigem-nos tudo o que nos dão. É preciso regá-los regularmente: é nos ombros deles que cai a água dos nossos olhos. Eles espevitam-nos o sentido de humor quando menos nos apetece. E depois ficam connosco quando as luzes se apagam e toda a gente se foi embora. Só aos amigos é dado o espectáculo da nossa miséria.
A paixão é uma fatalidade fácil. Uma aparição divina, só. Não há maneira de a prender por toda a vida. Por isso a embrulhamos no áspero papel da amizade. Para preservar e esquecer.
À paixão aceitam-se confissões de ciúme, voragens de posse. À amizade não. Somos capazes de confessar tudo aos nossos amigos menos a insegurança que nos mói:
- Não, não gostes mais dele do que de mim.
Inês Pedrosa in "A instrução dos amantes"
Eles exigem-nos coisas do nada. As nossas lágrimas. O nosso lenço de assoar. A pele dos nossos inimigos. As batatas fritas do nosso bife. A nossa melhor roupa, por uma noite. Exigem-nos tudo o que nos dão. É preciso regá-los regularmente: é nos ombros deles que cai a água dos nossos olhos. Eles espevitam-nos o sentido de humor quando menos nos apetece. E depois ficam connosco quando as luzes se apagam e toda a gente se foi embora. Só aos amigos é dado o espectáculo da nossa miséria.
A paixão é uma fatalidade fácil. Uma aparição divina, só. Não há maneira de a prender por toda a vida. Por isso a embrulhamos no áspero papel da amizade. Para preservar e esquecer.
À paixão aceitam-se confissões de ciúme, voragens de posse. À amizade não. Somos capazes de confessar tudo aos nossos amigos menos a insegurança que nos mói:
- Não, não gostes mais dele do que de mim.
Inês Pedrosa in "A instrução dos amantes"
Vitoriosa
Quero sua risada mais gostosa
Esse seu jeito de achar
Que a vida pode ser maravilhosa
Quero sua alegria escandalosa
Vitoriosa por não ter
Vergonha de aprender como se goza
Quero toda a sua pouca castidade
Quero toda a sua louca liberdade
Quero toda essa vontade de passar
Dos seus limites
E ir além
Ivan Lins/ Vitor Martins
quarta-feira, outubro 19, 2005
Soneto da Fidelidade e outros poemas de amor
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei-de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu descontentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinícius de Moraes
Aves Marinhas
Soltaram-se dos teus dedos
Quando anunciaste a despedida
E eu que habitara lugares secretos
E me embriagara com os teus gestos
Recolhi as palavras vagabundas
Como a tempestade engole os barcos
Porque ama os pescadores
E amei-te sem saberes
Amei-te sem o saber
Amando de te procurar
Amando de te iventar
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei-de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu descontentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinícius de Moraes
Aves Marinhas
Soltaram-se dos teus dedos
Quando anunciaste a despedida
E eu que habitara lugares secretos
E me embriagara com os teus gestos
Recolhi as palavras vagabundas
Como a tempestade engole os barcos
Porque ama os pescadores
E amei-te sem saberes
Amei-te sem o saber
Amando de te procurar
Amando de te iventar
terça-feira, outubro 18, 2005
Hoje calcei umas botas cómodas, e resolvi ir a pé. Tinha destino, mas quando lá cheguei descobri que mais valia não ter ido. Foi aí que comecei a andar de novo, por aí. Acabei por me perder, a olhar para os prédios, os carros, as pessoas. Descobri que pensamos muito melhor quando não estamos no trânsito. Descobri que se fazem coisas que não se fariam doutra maneira. Parar na Igreja e pensar um bocadinho. Rezar, ainda que pouco tempo, pelos outros, por nós mesmos, e ficar a olhar para nada... Depois, mais uma meta, ir ter com uma amiga, conhecer a futura casa, dar conselhos de decoração. Contar as novidades. Chegar a casa e ralhar com o cão, porque como sempre, arranjou maneira de ir para cima do sofá... Receber uma mensagem para estar com mais amigos (que bom que é ter amigos...) receber notícias menos boas que afinal não me abalaram assim tanto. Ajudar a Mãe a fazer o jantar, já que foi de propósito comprar lulas frescas porque sabe que adoro, e depois... Ajudar quem precisa de mim. (Espero que tudo se resolva, que tenha ajudado no possível, se pudesse arrancava o teu sofrimento para mim, juro...)
Obrigada, A.
domingo, outubro 16, 2005
Coisas soltas
"O escritor não é apenas aquele que escreve. É aquele que produz pensamento, aquele que é capaz de engravidar os outros de sentimento e encantamento" Mia Couto
Diálogo entre o avô e o neto:
" - A velhice não é uma idade, é uma decisão.
- Uma decisão?
-A Velhice é uma desistência"MC
"Uma história com final feliz é aquela que não tem fim"MC
"O sofrimento e a dor são sempre obrigatórios para uma consciência ampla e um coração profundo" Dostoiévski
"O amor é um verbo impossível de conjugar dado que o pretérito não é perfeito, o presente pouco indicativo e o futuro condicional" Um poeta francês, segundo António Lobo Antunes
Diálogo entre o avô e o neto:
" - A velhice não é uma idade, é uma decisão.
- Uma decisão?
-A Velhice é uma desistência"MC
"Uma história com final feliz é aquela que não tem fim"MC
"O sofrimento e a dor são sempre obrigatórios para uma consciência ampla e um coração profundo" Dostoiévski
"O amor é um verbo impossível de conjugar dado que o pretérito não é perfeito, o presente pouco indicativo e o futuro condicional" Um poeta francês, segundo António Lobo Antunes
Momentos Simples
São eles que nos dão forças para continuar. Coisas simples, banais, até. Porque é dessas e não das especiais de que é cheia a vida. A minha é muito cheia desses momentos que amo, por serem simples, com pessoas que afinal de contas não são banais, porque são minhas, porque gosto delas, cada uma à sua e à minha maneiras. Um café e um cigarro, um "copo" e muita, muita conversa. Muitos sorrisos, palhaçadas, coisas sérias, muito sérias... As perguntas inevitáveis, as respostas efusivas e principalmente aquelas dadas através dum olhar, um sorriso, o silêncio. Porque não é preciso dizer tudo, não é preciso falar de tudo. Porque de alguma maneira somos todos iguais, ainda que completamente diferentes. Porque eu sei que sou diferente e no entanto é assim que me aceitam. Porque quero continuar a ser feliz com esses momentos simples. A verdadeira felicidade reside aí. O dia em que tirei esta fotografia, um dia simples, que me recordo até hoje. Uma das minhas "fugas" para a terra que amo pelo seu mar, por aquilo que lá faço e que em mais lado nenhum consigo fazer: uma noite sozinha, à lareira. A pensar, a beber um copo de vinho, a conseguir estar comigo e só comigo. Ainda que esteja com todos os outros, porque é sempre com os outros que estou. Sempre sempre.
segunda-feira, outubro 10, 2005
Só para acreditar
Só para acreditar que é aqui que venho quando não tiver nada para fazer...parece que este ano vai ser um ano de tempos livres... Espero que não, mas corro esse risco... E não quero.
Só para acreditar que vou ter um bom ano, com sucesso. Que vou conseguir ultrapassar isto tudo, que vou viver.
Só para acreditar que em vez de perder tempo com coisas que não interessam cuidarei deste blogue, assim como tento cuidar daquilo que mais me interessa da melhor maneira que consigo, que nem sempre é a melhor possivel.
Só mesmo para acreditar...
Só para acreditar que vou ter um bom ano, com sucesso. Que vou conseguir ultrapassar isto tudo, que vou viver.
Só para acreditar que em vez de perder tempo com coisas que não interessam cuidarei deste blogue, assim como tento cuidar daquilo que mais me interessa da melhor maneira que consigo, que nem sempre é a melhor possivel.
Só mesmo para acreditar...
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