segunda-feira, outubro 24, 2005

Querida I,

Todos os dias tenho pensado em ti, muitas vezes durante cada dia, horas que sei que para ti têm custado a passar, horas que queria estar a passar ao teu lado e não posso, porque não devo, porque há coisas por que todos temos de passar e que mais ninguém pode ultrapassar por nós. Liguei-te hoje, não te quero ligar mais. Porque não sei se é a melhor hora, embora saiba que não há horas para dizer aos amigos que estamos com eles. Estou aqui a navegar, naveguei pelo teu blogue e apeteceu-me chorar. Porque senti qualquer coisa que sei que não disseste mas sentiste. Quero estar contigo e estou, queria tanto ajudar-te e só o posso fazer com palavras. "Somos obrigados a pensar com palavras, a sentir com palavras, se queremos pelo menos que os outros sintam connosco. Mas as palavras são pedras" escreveu um dia Vergílio Ferreira, naquele pesadelo do nosso secundário (onde isso já vai) que foi a Aparição. Como hoje me lembrei dele? Não sei, mas afinal sempre aprendi alguma coisa nesses tempos. Aprendo agora que há pessoas que ficam para sempre, sabes há quantos anos somos amigas? Eu não sei bem, mas foram muitos... Desde antes dos tempos da Aparição. Apetecia-me enviar-te o tal postal de que falavas no Blogue, apetecia-me dizer-te o quanto gosto de ti, que não estás sozinha, que Ela também não está sozinha porque te tem a ti. Que ninguém que te tenha está sozinho, porque sim. Parece simples, I. E é. Muito simples. Até a vida que parece às vezes mais complicada do que nunca. A sério. Prometo, apesar de saber que não devo prometer o que é possível que não possa cumprir. Mas é o meu desejo, pelo menos. Força, Amiga.

1 comentário:

rosa velho disse...

Ao ler este post (num blog que a minha desatenção das confusas semanas que se passaram não permitiu descobrir) só consigo ficar em silêncio. Porque sei que não preciso de palavras para saberes o que sinto. Porque não consigo ter palavras. Porque há amizades que não precisam de palavras. Não sei há quantos anos somos amigas... há muitos, seguramente. Mas o patamar já se elevou para a eternidade. Sabes disso, não sabes?