quarta-feira, janeiro 18, 2006

O começo III

Amei Teresa mais do que alguma coisa ou alguém em toda a minha vida. Pergunto-me se alguma vez vou amar alguém desta maneira tão forte, intensa, esmagadora. Ela dizia que nunca se ama da mesma maneira. “não é a intensidade do amor que prevalece, as pessoas são diferentes: não por terem nascido diferentes mas por serem amadas de maneira diferente”. Acredito que tenha razão, não é possivel que sintamos o mesmo amor por duas pessoas.Teresa tinha o dom de dizer coisas destas quando estava inspirada. Eu sabia – e ela também – que muitas vezes quis dizer o que pensava, o que sentia, e não conseguia, talvez por não ser o momento, mas acima de tudo por não estar inspirada. Acho que quando chegava a casa e pensava, encontrava essa maneira e, por já ser tarde demais, punia-se por não ter conseguido dizer tudo. E era muito. Era imenso o que tantas vezes ela quis dizer e não conseguiu, tenho a impressão que se sempre que chegasse a casa escrevesse o que quis dizer, nem o maior Castelo do mundo com paredes até ao céu chegava. Sei também que lhe doía não conseguir dizê-lo, doía-lhe ainda mais quando tentava escrever aquelas coisas que faziam tanto sentido para ela, porque sabia que no dia seguinte o sentido voava, como um pássaro que conheceu a liberdade e está engaiolado – quando se apercebe que pode fugir, foge. Teresa foi uma fugitiva, era isso que eu gostava nela. Não era só isso, mas era muito isso. Muito.

1 comentário:

Anónimo disse...

Esperei... Mas eu tenho mais paciência!