Nos tempos que correm, vivo neste mundo «inimaginável». Isso confere-me um enorme sentimento de estranheza, e não sei ao certo se me considero um homem feliz. Se calhar, a questão também não importa assim tanto quanto isso. Envelhecer representa para mim - e, provavelmente, para toda a gente - uma experiência pioneira, e as emoções que me invadem são, também elas, novas. Se estivéssemos a falar de uma coisa que eu tivesse experimentado antes, estaria em condições de compreender melhor a situação, mas como é a primeira vez, nada a fazer. Por agora, deixarei para mais tarde a capacidade de exercer todo e qualquer juízo concreto e, por isso, resta-me aceitar a vida como ela é. (...)
Haruki Murakami "Auto-retrato do escritor enquanto corredor de fundo"
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