Estive fora e deparei-me hoje com a quantidade de alarvidades que se vão dizendo por aí a propósito da tolerância na altura da visita do Papa. Quando soube da notícia, insurgi-me contra a medida: eu, pecadora, me confesso. Pasmem-se: uma católica assumida, (equiparada a) funcionária pública (ou pelo menos com alguns dos seus direitos) contra a tolerância durante a visita do Santo Padre a Portugal.
O argumento da laicidade do Estado, para mim, é válido. Mais: o Estado é laico e deve continuar a sê-lo (não, não vou morrer na fogueira, nem estou a dizer nenhuma heresia).
Mas custa-me. Custa-me que dirigentes sindicais que estão constantemente a apregoar que a produtividade não pode ser argumento para tudo, que as empresas não podem ser produtivas a qualquer custo, me apareçam com o argumento da produtividade para demonstrarem a sua opinião. Custa-me que de repente os argumentos para aquilo que defendo sejam tão básicos, quase baixos.
Sim, considero que se quiser assistir à missa em Fátima, ou em Lisboa, ou no Porto (porque até isso eu não entendo, por alma de quem é que só tenho tolerância no dia 13 por trabalhar em Cantanhede) devo meter férias. Mas de repente aparecem meia dúzia de fundamentalistas, uns que querem distribuir preservativos à porta da Missa (eh pá, distribuam lá o que quiserem, se pensam que ganham alguma coisa com isso) outros que acham escandaloso que o Presidente da República queira acompanhar o Papa - como se não tivesse esse direito, como cidadão e como representante dum país de maioria católica.
Combatam livremente, mas com consciência. Sejam coerentes. Tolerância, meus senhores. Chama-se tolerância.
Sem comentários:
Enviar um comentário