sexta-feira, junho 18, 2010

Das coisas que me tiram do sério

As iluminadas deputadas socialistas Teresa Venda e Rosário Carneiro apresentaram uma proposta (que recebeu consenso no PS) de eliminar quatro feriados - 2 católicos e 2 civis - e acabar com as pontes em nome da "produtividade". E eu acho graça (só mesmo porque há coisas de que nos devemos rir, sob pena de terminarmos o nosso dia agarrados à almofada e a chorar desalmadamente porque estamos entregues aos bichos), afinal parece-me que faz todo o sentido festejar o 25 de Abril a 27 ou o Dia de Todos os Santos a 3 de Novembro só porque sim.  É mais ou menos como fazer anos a 26 de Junho quando na realidade já os fizemos há uns dias.

Temos, em Portugal, 5 feriados civis:
Dia da Liberdade - pasmemo-nos, celebrar um dia como o 25 de Abril! -
Dia do Trabalhador - que disparate, se é dia do trabalhador devíamos todos trabalhar, ora!
Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades - podia fazer a piada do "zarolho", mas não faço  
Implantação da República - como este ano se celebram 100 anos até podemos acabar com ela, que já está velhinha, coitada
Restauração da Independência - eu até acho que aquela "quase lenga-lenga" que aprendíamos na escola do "1143, quem não sabe esta data não é bom Português" é um disparate, e até se ouve tanta gente a dizer que devíamos era ser espanhóis...

Os feriados católicos são 8, que não vou enumerar, apenas dizer que para mim, todos fazem sentido. Mas isso é para mim.

E depois ponho-me a pensar - coisa que faço cada vez menos e começo a achar que não devia fazer de todo - que não tenho memória de ter visto nenhuma manifestação destas duas senhoras na tolerância dada aos portugueses em geral (e depois a outros em particular) aquando da visita do Papa. Ou até quando o nosso Primeiro-Ministro nos dá, amavelmente, tolerância na tarde que precede a 6ª feira Santa ou na véspera do dia de Natal. Mas isto são pormenores: na verdade, o que interessa aqui, é que o MEU Natal celebrar-se-á sempre a 25 de Dezembro, o MEU dia da Liberdade será sempre o 25 de Abril. Venha quem vier. Porque as "pontes" que devem acabar em nome duma "produtividade" que ninguém entende - porque quem faz "ponte" tira férias, logo tem direito a ela; porque o (falso) problema da produtividade não se resolve com medidas ridículas como esta.

Avancem lá com estas medidazinhas sem sentido, em vez de se preocuparem com o que realmente altera a nossa vida. Venham lá com as "medidas de austeridade" que nós aguentamos, principalmente quando lemos notícias destas:

"O Governo já pagou o empréstimo de 450 milhões de euros que seis bancos portugueses concederam ao Banco Privado Português (BPP), com aval do Estado."

"A dívida pública portuguesa irá aumentar em vários milhões de euros devido à incorporação da RTP na esfera de contabilização das administrações públicas. Esta é uma decisão que o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgará para a semana, no âmbito de uma revisão metodológica da contabilidade nacional. "

3 comentários:

Soba disse...

As senhoras não vão falar da tolerância de ponto à visita ao Papa porque as senhoras são do mais beato que há. Como se não bastassem as posições já assumidas, apesar de serem deputados do PS, na questão do aborto, da PMA, do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, uniões de facto, divórcio, etc… agora querem o dia da família!

Agora, várias questões:

1) não te faz confusão, num Estado laico, haver 5 feriados cíveis e 8 religiosos?
2) achas mesmo que feriados a meio da semana e semanas de trabalho de um dia e depois de 3 não contribuí para uma diminuição da produtividade?
3) o Natal e a passagem de Ano não seriam móveis. Todos os outros sim. E faz-te assim tanta confusão comemorar noutro dia? Não seria como os aniversários a meio da semana… metade de nós acaba por comemorar no fds.

Eu não tenho posição em relação a este assunto (excepto em relação às duas senhoras, mas isso é outra coisa). Acho que há vantagens e desvantagens. Como tu tens, convence-me, por favor. Odeio limbos! ;)

PS: as notícias são particularmente interessantes. Mas cuidado com a moda do "há coisas mais importantes". Assim, nunca se faz nada...

joaninhalibelinha disse...

Ai meu querido que isto vai dar m****!!!

1º, sim, eu sei que o Natal não seria móvel, mas foi um exemplo e só porque é o que diz alguma coisa à maioria das pessoas, católicas ou não (até porque, para um Católico, a Páscoa é até mais importante do que o Natal. Mais: Jesus Cristo não nasceu na realidade a 25 de Dezembro há 2010 anos atrás - estas datas surgem, ironicamente, por questões de "calendário").
Agora, a parte polémica:
1) eu disse que "para mim" os feriados católicos fazem todos sentido. Mas por alguma razão também dou o dado que há mais feriados religiosos do que civis.
2) acho que é uma falsa questão. Por ano eu tenho direito a 25 dias de férias, sendo que tenho de tirar pelo menos 11 seguidos. Os restantes 14, distribuo-os como entender. Da mesma maneira que a maior parte dos portugueses tira férias em Agosto - também podem proibir isso - naturalmente que haverá mais a tirar em alturas em que podem fazer ponte. Uma coisa é certa: haja feriado à 6ª ou não, tendo eu 14 dias para gozar, pergunto até que ponto é que muitos de nós não aproveitarão para tirar férias na 5ª que precede o suposto feriado ou na 2ª que o sucede. e a questão (para mim falsa, mantenho) da produtividade manter-se-ia. É uma falsa ques~tão porque tanto não produzo quando faço ponte, como não produzo quando tiro férias, por exemplo, no dia dos meus anos.
3) já respondi mais ou menos logo no início, e fizeste referência a uma coisa de que me lembrei quando estava a escrever o post: muitas vezes celebramos o nosso aniversário no fim de semana a seguir. Mas é uma opção individual. Enquanto comunidade - é para isso que os feriados também servem - há símbolos que são, para mim, de tal maneira importantes que não se podem adiar, nem deve: perdem sentido.

Quanto à moda das "coisas mais importantes" lembro-me de termos tido este mesmo "impasse" noutra discussão - a questão do aborto. Eu dizia que havia ainda muito caminho a desbravar, no sentido em que se tivessemos tratado do que realmente era importante na altura devida poderia pensar ser a favor. Enfim, qualquer coisa deste género. Ainda que as notícias possam parecer forçadas (curiosamente também imaginei que corria esse risco) em boa verdade não o são (do meu ponto de vista, que faço correlações estranhas de vez em quando): a questão da produtividade está intimamente relacionada com os problemas que o país tem vindo a atravessar, com as medidas de austeridade (a propósito, recebi hoje e ainda não fui ver as consequências do aumento dos impostos)e depois leio notícias como as que publiquei. Acho que estão relacionadas. Aborrece-me ter de contribuir para pagar a merda que os outros fazem (viste como estou irritada?? escevi MERDA em vez de m**** ahahaha).

Beijos - é outra coisa que temos de decidir: onde, como e quando! :)

Soba disse...

LOL Não vai nada! ;)

1º) O Natal é uma celebração que foi incorporada pela grande maioria da sociedade, seja como celebração religiosa do nascimento de nosso Senhor Jesus Cristo seja como celebração não religiosa da família. Dai a sua importância num Estado laico. A Páscoa não tem o mesmo significado para a população não católica praticante. Eu culpo o ser móvel… feriados móveis causam sempre imensa confusão! =D E sim, acho que toda a gente sabe que isto dos calendários é uma grande confusão. No outro dia estava um amigo meu a comemorar a criação do Estado de Israel em Abril...

Agora a parte que não foi assim tão polémica:
1) foi um dado muito interessante, sim senhora! ;) E querida, eu estava a perguntar se te fazia sentido num Estado laico… não se gostavas. Eu também acho que devia ser feriado às sextas para poder ir sair às quintas… e faz-me imenso sentido, que trabalhar com ressaca é das piores coisas que existe! =P
2) o problema não são as pontes gozadas com dias de férias… são os que não gozam. Tens noção que se eu tiver uma semana de 4 dias sinto-me claramente menos produtivo do que os mesmos 4 dias de trabalho numa semana de 5 dias. O problema está nos serviços reduzidos, nos chefes fora, nos fornecedores incontactáveis, no ter-se uma semana com duas segundas ou com duas sextas… É como trabalhar em Agosto. Fiz isso o ano passado e jurei para nunca mais. Agora, nunca li nenhum estudo que comprove que há decréscimo de produtividade, pelo que não me posso pronunciar. Mas acredito que a produtividade seja menor. Quanto aos dias de gozo de férias e à maneira como as pessoas os gozam, concordo contigo: nada a apontar.
3) eu sei que és uma ferrenha adepta do 25 de Abril =P Agora, tirando esse, o Natal e a passagem de ano, faz-te assim tanta confusão a implantação e a restauração, por exemplo, serem celebrados noutro dia? Os religiosos acho que deviam ser optativos de acordo com a tua religião e, como não sou Católico, não me vou pôr aqui a discutir a relevância de se comemorar o Corpo de Deus, Pentecostes, Páscoa, Nossa Senhora, etc nos dias exactos.

Sim, eu lembro-me. Concordamos na questão de fundo. Temos é calendários de aplicação (e por isso sentidos de voto) diferentes =D

As notícias não são forçadas. Até copiei uma! =) Só acho é que não se mudar algo que está mal porque há outras prioridades é um mau princípio. Não é o Sr. Sócrates que está sentado numa mesa a escrever, reescrever, debater, aprovar e publicar cada uma das leis que saem… o Estado, os partidos e a Assembleia da República têm capacidade para legislarem sobre mais do que uma coisa ao mesmo tempo. E se ficar provado que os feriados e pontes e não pontes reduzem a produtividade, não vejo porque não corrigir isso.

LOL vi pois! São todos uma cambada de chulos!!! =D

Beijos beijos! Estou esperando ;)