quarta-feira, setembro 29, 2010

É que ele há coisas...

Sozinha em casa, posso fazer o zapping que me apetecer. Pois que parei no seguinte diálogo duma telenovela portuguesa:
"Pai, se me deixar casar com a sua filha, prometo que ela nunca mais sai daqui".

Ora, isto é estranho. Mais estranho ainda foi ter ficado 10 minutos a ver uma telenovela para perceber este diálogo. Pior: continuei na ignorância.

Conclusões:

1) Caiu por terra a minha teoria de que basta ver um epísódio duma qualquer telenovela para perceber todo o enredo, quiçá até o final.

2) Isto é tudo maluco ou tem uma explicação????

terça-feira, setembro 28, 2010

Estes Senhores da Direita andam todos a ver a Luz...

Temos que saber enfrentar a nova realidade com uma nova moldura do contrato social que lhe está subjacente. Não apenas tornando-o mais eficiente e mais ético, reprimindo os abusos e os desperdícios, como igualmente promovendo uma mais sólida cultura de partilha de riscos. Um contrato que preserve o seu alicerce público, mas que não iluda as pessoas através de um Estado totalizante, na saúde, nas pensões, na educação. Um "Estado possibilitador" que tenha um critério social coerente e congruente com uma sólida igualdade de oportunidades e não com um ilusório igualitarismo. Um Estado Social que não se pode dissociar do sistema fiscal e da sua progressividade.

Por outro lado, o Estado Social não é uma entidade aparte de todo o Estado. Tem que haver coerência. Não se podem anunciar grandes investimentos para serem pagos daqui a 20 ou 30 anos, como se fossemos ricos, ao mesmo tempo que se diminuem as parcas pensões porque não haverá dinheiro. O dinheiro é o mesmo. A política implica opções, escolhas, renúncias e prioridades. É isto que se tem de dizer às pessoas. E não suscitar querelas emocionais com uma patética visão parcelar e de curto-prazo. Não desperdicemos tempo com o ruído da irresponsabilidade. Ainda aqui o que precisamos é de estadistas e não de ilusionistas.

Bagão Félix in Diário Económico


É assustador chegar ao ponto de concordar com a Direita mais à Direita (ainda que com argumentos, na sua essência, de esquerda).

quinta-feira, setembro 23, 2010

Sem título



Viver sempre sossegado/Cada amor em cada lado/Mas ele mesmo, até morrer/Vá-se lá saber/O que sentia todo o dia, até anoitecer

Viveu sempre, em todo o lado/Com seus dons de namorado/Sempre, sempre a envelhecer/Vá-se lá dizer/O que fazia todo o dia, até amanhecer

É bom ter má fama/Dá para ter vazia a cama/E nesta solidão de Kant/Ser tido um grande amante

É bom ter de fundo/Que anda pelas bocas do mundo/E quem quizer acreditar/Ao menos não vem cá espreitar

Sobra-me tempo para cantar/O tempo para cantar/O tempo para cantar

Fez de tudo, até calçado/Mas seu jeito de empregado/Só deixava perceber/Para quem queria ver/De cada dia uma alegria, para desaparecer

Fez de tudo, de empregado/Só não fez do seu passado/Um segredo para esconder/Já não vai vencer/Mas respondia para se defender:

É bom ter má fama/Dá para ter vazia a cama/E nesta solidão de Kant/Ser tido um grande amante

É bom ter de fundo/Que anda pelas bocas do mundo/E quem quizer acreditar/Ao menos não vem cá espreitar

Sobra-me tempo para cantar/O tempo para cantar/O tempo para cantar

terça-feira, setembro 21, 2010

Pensamento do dia

A quantidade de vezes que me irrito quando se pergunta como as pessoas estão e a resposta é "vai-se andando" ou "mais ou menos" não sei se faz de mim uma pessoa muito mais feliz que o comum dos mortais ou uma pessoa absolutamente irresponsável.  

segunda-feira, setembro 20, 2010

Sobre a vergonha do que se passou no Parlamento na passada 6ª feira

Apenas um deputado se recusou a renegar todo o património a que qualquer socialista, moderno ou antigo, centrista ou radical, está obrigado: Sérgio Sousa Pinto. Sozinho numa bancada de desistentes, de gente que parece já não levar a sério nem a mais elementar das suas convicções, deu um murro na bancada e votou como ditava a sua consciência. Muitas vezes discordo de Sérgio Sousa Pinto. Muitas vezes desgosto do seu estilo. Mas na sexta-feira passou a merecer o meu respeito político.

Quanto à maioria dos homens que representam hoje o PS, não me resta qualquer esperança. Nem no mais básico dos combates civilizacionais podemos contar com eles. Tristes políticos que por tão pouco poder abdicam de tanto.

Por Daniel Oliveira. Publicado no Expresso Online.

O PG no seu melhor. Partido do Governo, porque de Socialista tem já muito pouco.

Inquietação

A contas com o bem que tu me fazes

A contas com o mal por que passei
Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes

(...)

Cá dentro inquietação, inquietação

É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

José Mário Branco

segunda-feira, setembro 13, 2010

Você é uma besta

Para acabar com isto duma vez por todas. Não trato ninguém por "você", porque as pessoas são pessoas, senhores ou senhoras. Mas você é uma verdadeira besta. Você pode ser muita gente. Eu conheço algumas. Você é uma pessoa arrogante, com a mania que tem o rei na barriga apesar de não ter onde cair morta (mesmo que tenha, passou a não ter, decidi eu). Você desconhece a noção de cortezia cortesia, de boa educação. Você não sabe que não é mais do que os outros: você é, aliás, muito menos do que o resto do mundo, é só uma questão de saber fazer contas e saber que dois é maior do que um. Você não é só uma besta, você é uma besta cúbica - quadrada é pouco. Você andou na Universidade, não sei se pública se privada, não me interessa, mas lá nunca lhe ensinaram - porque no berço também não - que ninguém é melhor que ninguém. Ou melhor: nunca lhe ensinaram que pessoas como você são muito menos do que qualquer Maria ou José que nunca tenham chegado à Universidade, seja lá por inércia, preguiça ou falta de possibilidades, é indiferente. A montanha, a sua montanha em cujo cume você pensa que está, pariu um rato. É isso, você é um rato - até me custa dizer isto porque até gosto de ratinhos. Mas esta linguagem simples, básica, tenho a certeza que você conhece.
Tenho esperança que um dia você venha a perceber que não se trata as pessoas que se consideram inferiores como lixo. Porque você não sabe, mas eu explico: você depende tanto ou mais do Estado como/do que elas. Porque foi o Estado que lhe deu emprego há uns anos atrás, é o Estado que lhe paga um ordenado - que não é merecido - todos os meses, e somos todos nós - o Estado - que lhe vamos pagar a reforma.
Espero que um dia venha a perceber isto. Espero que venha a perceber que uma merda dum anel com uma pedra cuja cor não distingui (não sei se por ser daltónica, que não sou, se por ser mesmo uma cor indefinida) faz de si uma besta muito maior do que as restantes possíveis bestas que tenham o azar de lhe passar à frente.

Estados

Emigrada de mim. Hei-de voltar cheia de novidades e riquezas, cheia de saudades, cheia de sorrisos e gargalhadas que me divertem mais a mim do que aos outros.

por mais ausente que esteja a minha "versão" optimista não muda. às vezes preferia não ser assim.

As coisas simples (ou básicas, vá) que me transformam o humor :)

via http://www.theothersideofafrica.blogspot.com/ :)

sábado, setembro 11, 2010

Dos ódios - a excepção

Amei e odiei como toda gente.
Mas para toda gente isso foi normal e instintivo.
Para mim sempre foi a excepção, o choque, a válvula, o espasmo.

Do Livro do Desassossego, Fernando Pessoa

quinta-feira, setembro 09, 2010

Da honestidade

Mentir e omitir não são sinónimos. Nalguns casos uma das acções justifica a ausência da outra. Por falar em ausência: quando uma ou outra não são acompanhadas de alguma, nem que seja alguma, honestidade, é tudo a mesma coisa.

Resumindo, para isto ficar claro:

A desonestidade tira-me do sério.

Via CTT :)

"É um comboio, com muita chuva e muita lama!"

A Prevenção Rodoviária agradece a sugestão do Vasco: com chuva e com lama, andar de comboio. Um dia explico-lhe que não há comboios no sítio onde a tia trabalha.

quarta-feira, setembro 08, 2010

Everybody's free (to wear sunscreen)



Sing
Don't be reckless with other people's hearts.
Don't put up with people who are reckless with yours.

Floss
Don't waste your time on jealousy.
Sometimes you're ahead, sometimes you're behind.
The race is long and, in the end, it's only with yourself.

(...)
 
Stretch
Don't feel guilty if you don't know what you want to do with your life.
The most interesting people I know didn't know at 22 what they wanted to do with their lives.
Some of the most interesting 40-year-olds I know still don't.

(...)

Maybe you'll marry, maybe you won't.
Maybe you'll have children, maybe you won't.
Maybe you'll divorce at 40.
Maybe you'll dance the funky chicken on your 75th wedding anniversary.
Whatever you do, don't congratulate yourself too much, or berate yourself either.
Your choices are half chance.
So are everybody else's.

(...)

Understand that friends come and go,
but with a precious few you should hold on.
Work hard to bridge the gaps in geography and lifestyle, because the older you get,
the more you need the people who knew you when you were young.

(...)

Travel
Accept certain inalienable truths:
Prices will rise.
Politicians will philander.
You, too, will get old.
And when you do, you'll fantasize that when you were young, prices were reasonable, politicians were noble, and children respected their elders.

segunda-feira, setembro 06, 2010

Eu juro...

... que não vejo Deus em todas as coisas, em tudo o que me acontece (talvez devesse, mas não vejo). E no entanto parece que há frases que parecem vir d'Ele, pessoas que parecem "enviadas".

Se não estava eu tão bem: descansadinha sem pensar muito na vida.

quinta-feira, setembro 02, 2010

Dos textos brilhantes que não me importava de ter escrito

Via Aspirina B, "Vinte Linhas 531: Os bons, os maus e os vilões - tudo no mesmo dia" por José do Carmo Francisco

Parece de propósito mas tudo aconteceu depois de publicado no «aspirinab» um texto de memórias sobre o actor Lee Van Cleef. De manhã apanhei na Rua da Escola Politécnica um casalinho que fingia não ouvir a senhora da padaria a dizer «Venham pagar a garrafa de água!». Foram esconder-se atrás do caixote do lixo na Rua do Salitre e quando lhes falei fugiram pela rua acima. Aparentemente são pessoas normais mas na verdade não são nada normais. Quem rouba uma garrafa de água numa padaria é uma cavalgadura. A única boa pessoa é a senhora da padaria. Horas depois soube que, no prédio ao lado do meu, um indivíduo estrangeiro que exerce a profissão de professor em Portugal juntou um monte de cartas e só o entregou á dona da casa onde viveu estes meses no dia em que se foi embora. O grande palhaço não quis perceber que em Portugal as pessoas recebem cartas e não estamos no deserto do Norte de África. Aqui as notícias não vão de camelo; camelo é ele, o brutamontes chauvinista. Ao fim da tarde assisti a uma cena incrível: um gajo miserável dizia com um ar bastante empertigado ao recepcionista de um Hotel o seguinte – «Você garante-me que nos últimos dois anos não ficou nenhum gato neste quarto?». O rapaz respondeu o mais correctamente possível: «O nosso Hotel tem excelentes padrões de limpeza e desinfestação!». Mas o parvalhão não desistia: «Está provado que os pêlos dos gatinhos ficam dois anos e podem incomodar o cão…».
Cambada de trambolhos: o casalinho da manhã pareceu-me português, o estranho professor que amontoou correio é francês e o burro que incomodou o recepcionista do Hotel é espanhol. A CE está a enlouquecer aos poucos, é o que parece.

"Muito medo e pouca vergonha", já dizia o meu Paizinho!

Nunca gostei muito da teoria dos "melhores pais do mundo". Acho que quem acha que os tem, na verdade, sabe que só são os melhores porque são os seus. Fui sempre capaz (até demais, como é meu hábito) de criticar os meus pais, de lhes reconhecer imensos erros que, do meu ponto de vista, cometeram. Espero (como eles esperarão, como é o que esperarei dos meus sobrinhos e possíveis filhos) conseguir ser melhor mãe dos que eles foram mãe e pai. Não sei se será fácil - na fase do "armário" achei que era a coisa mais fácil do mundo, a minha mãe dizia-me sempre: "filha és, mãe serás" e, a ter razão, reconheço que não será a coisa mais simples do mundo.
Só quero esclarecer uma coisa: os meus pais têm de ter uma paciência e uma tolerância acima da média (coisa que durante muitos anos não tiveram e nem assim eu fui lá) para me aturar. Acho que desistiram de ralhar, e não sei se é bom ou se é mau, só sei que de facto entendo quando me perguntam, meio a rir, meio a sério: quando é que ganhas juízo?

quarta-feira, setembro 01, 2010

Vidas

Foram tantos os Abraços que não chegaram quatro braços. Para os Abraços.

Inspirado na "Canção dos Abraços", Sérgio Godinho.