Parece de propósito mas tudo aconteceu depois de publicado no «aspirinab» um texto de memórias sobre o actor Lee Van Cleef. De manhã apanhei na Rua da Escola Politécnica um casalinho que fingia não ouvir a senhora da padaria a dizer «Venham pagar a garrafa de água!». Foram esconder-se atrás do caixote do lixo na Rua do Salitre e quando lhes falei fugiram pela rua acima. Aparentemente são pessoas normais mas na verdade não são nada normais. Quem rouba uma garrafa de água numa padaria é uma cavalgadura. A única boa pessoa é a senhora da padaria. Horas depois soube que, no prédio ao lado do meu, um indivíduo estrangeiro que exerce a profissão de professor em Portugal juntou um monte de cartas e só o entregou á dona da casa onde viveu estes meses no dia em que se foi embora. O grande palhaço não quis perceber que em Portugal as pessoas recebem cartas e não estamos no deserto do Norte de África. Aqui as notícias não vão de camelo; camelo é ele, o brutamontes chauvinista. Ao fim da tarde assisti a uma cena incrível: um gajo miserável dizia com um ar bastante empertigado ao recepcionista de um Hotel o seguinte – «Você garante-me que nos últimos dois anos não ficou nenhum gato neste quarto?». O rapaz respondeu o mais correctamente possível: «O nosso Hotel tem excelentes padrões de limpeza e desinfestação!». Mas o parvalhão não desistia: «Está provado que os pêlos dos gatinhos ficam dois anos e podem incomodar o cão…».
Cambada de trambolhos: o casalinho da manhã pareceu-me português, o estranho professor que amontoou correio é francês e o burro que incomodou o recepcionista do Hotel é espanhol. A CE está a enlouquecer aos poucos, é o que parece.
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