Não ligo nenhuma, apesar de acabar sempre por (tentar) deixar a casa arrumada. Amanhã é só amanhã. Não deixo de fazer projectos - como quase todos os dias - nem deixo de guardar esperanças. Venha daí 2011, estou de peito aberto! (sempre que digo/escrevo isto soa-me um bocado mal - também não podia deixar de abardinar um bocado...)
Na vida real as aparências estão do outro lado do espelho. Na vida real não me assemelho à simulação das evidências (SG)
sexta-feira, dezembro 31, 2010
quarta-feira, dezembro 29, 2010
O poder dos blogues
Não se fala de outra coisa (fala, mas eu gosto de exagerar) na blogosfera: a Ensitel, a liberdade de expressão, Maria João Nogueira e telemóveis, reclamações, enfim, toda uma panóplia de notícias e comentários que, em primeiro lugar, me deram alguns ataques de riso e, em segundo lugar, me fazem crer que ou isto anda tudo doido ou então não sei (de facto há muita coisa que não sei). Resumindo, a "famigerada" co-autora dum blogue que vou seguindo com mais ou menos atenção, publica em 2009 e depois, sempre que se justificou, uma história quase anedótica dum (já célebre) telemóvel que foi adquirido já com defeito. Depois de reclamações, Tribunal Arbitral - e um personagem que identifico, não por conhecer aquele especificamente, até porque a autora não diz o nome do Ilustre Magistrado, mas por reconhecer-lhe tantas semelhanças com tanto do que penso e vejo na Justiça e nos tribunais - enfim, depois de uma autêntica telenovela, foi "intimada" pelos advogados da empresa a APAGAR o que escreveu nos seus blogues acerca da Ensitel. Entretanto fui espreitar os comentários no blogue, e se aquilo não é de chorar a rir, não sei.
Primeiro são os que concordam, que lhe dizem para ir "para a frente com esta luta" como se de um caso de vida ou morte se tratasse. Depois são os funcionários da Ensitel que não sabem escrever - é com cada "calinada" que até magoa - e que não são muito entendidos nestas coisas que vão para lá insultar a senhora sem se lembrarem que os autores do blogue podem - se quiserem - ter acesso aos IP's de quem os visita, tendo a autora verificado que se tratava dum IP da Ensitel. Não contentes, uma das supostas funcionárias da empresa escreve via e-mail à autora (e-mail esse que a mesma faz questão de publicar) a insultá-la do pior que há.
Nestes últimos tempos tenho tido o azar (ou algumas empresas tiveram o azar de me apanhar à frente, não sei) de ter de fazer algumas reclamações - já fui "comida por parva" tantas vezes que houve um dia que disse "basta" e reclamo sempre que acho que tenho razão (sim, reconheço que é quase sempre - depois auto-flagelo-me porque sou arrogante, agora não me apetece). Desde que o comecei a fazer que percebi que as reclamações - pelo menos em algumas empresas - resolvem muitos problemas (os meus, até ver, têm sido resolvidos).
A notícia já chegou aos jornais, ao Facebook e ao Twitter. Acho que andamos todos com vontade de bater em alguém, a Ensitel teve azar, mas de facto em vez de dar uma porcaria dum telemóvel novo à senhora, optou por pagar a advogados para a ameaçarem. Está a correr-lhes mal, e eu não tenho pena.
terça-feira, dezembro 28, 2010
Da amizade
Manda-me uma carta em correio azul
para eu guardar no castanho dos armários
no meio de testemunhos vários
escritos por letras tão distantes
murmúrios amantes
que a vida me oferece
só por muito amar
Sérgio Godinho
Hoje mandei-te uma carta em Correio Azul. Mais um dos meus presentes no mínimo... improváveis.
para eu guardar no castanho dos armários
no meio de testemunhos vários
escritos por letras tão distantes
murmúrios amantes
que a vida me oferece
só por muito amar
Sérgio Godinho
Hoje mandei-te uma carta em Correio Azul. Mais um dos meus presentes no mínimo... improváveis.
1%
Segundo o parecer do Tribunal de Contas sobre a Conta Geral do Estado desse ano, ontem divulgado[dia 22 de Dezembro], 61 por cento dos 2,2 mil milhões de euros foram para a banca, 36 por cento para as empresas e um por cento para o apoio ao emprego.
in Público a 23/12/2010
Vou abster-me de qualquer tipo de comentário: isto é 1% do que poderia dizer.
segunda-feira, dezembro 27, 2010
Foi o primeiro Natal sem ti. Todos te lembrámos, pouco se falou dessas lembranças - há coisas que ainda custam muito a engolir. Todos os anos vivo o Natal à minha maneira, uma maneira diferente de todos. Para eles, é Família (e não há nada mais cristão que isso). Eu não vivo mais nem menos, só penso de maneira diferente. Este ano, mais do que celebrar o nascimento do Menino (que se fez um grande homem) acabámos por te celebrar, na tua ausência, mas em silêncio entre conversas e gargalhadas. É o Natal dos simples, duma ausência que não se cura mas que se vive como se pode.
quarta-feira, dezembro 22, 2010
Os Subterrânos da Liberdade I - Os ásperos tempos, Jorge Amado
Uma crítica feroz ao regime ditatorial Brasileiro, o também chamado "Estado Novo" sob a égide de Getúlio Vargas. Jorge Amado descreve dois lados duma sociedade em ebulição: de um lado o poder (e a noção de que as grandes decisões são tomadas longe do ditador) e de outro a oposição, comunistas convictos que dedicam a vida à causa que acham justa.
O romance começa antes do golpe de 1937 com alguns acontecimentos que marcaram o Brasil nesta época - expectativas de uns, receios de outros e termina ainda com Vargas no poder. São inúmeras as personagens, divididas por dois "lados da barricada", algumas altamente superficiais e outras com uma densidade quase estonteante - curiosamente das personagens femininas do romance.
A minha personagem: o Velho Orestes, um ex-anarca, italiano (que pragueja, como pragueja!!!) homem de enorme coração e paternal. Morre pela sua causa e não há morte mais poética do que esta.
Há muita ideologia (e conflito ideológico) nesta obra, não tanto no que respeita ao óbvio - pela ou contra a Ditadura - mas também (e provavelmente principalmente) dentro da luta operária, comunistas convictos que por vezes põem em causa os meios e outras (menos) vezes os fins.
É o primeiro da triologia que a D. Quixote lança juntamente com toda a obra revista de Jorge Amado.
sexta-feira, dezembro 17, 2010
Eu, completamente eu!
Eu às vezes não sei o que hei-de dizer
sou refém da palavra que me quer fugir
prendo o salto no verbo que deve ser
ou tropeço no nome a seguir
(desato a rir
não lembro de mais nada
eu desato a rir
o fio escapa à meada
eu desato a rir
e sim, e coisa e tal
eu sei lá)
Tiago Torres Silva
sou refém da palavra que me quer fugir
prendo o salto no verbo que deve ser
ou tropeço no nome a seguir
(desato a rir
não lembro de mais nada
eu desato a rir
o fio escapa à meada
eu desato a rir
e sim, e coisa e tal
eu sei lá)
Tiago Torres Silva
quinta-feira, dezembro 16, 2010
ADEUS TRISTEZA, ATÉ DEPOIS
Já dizia o poeta que "é melhor ser alegre que ser triste", mas isso não faz com que seja fácil ser Alegre. Não é fácil ser Alegre.
Um alegre candidato tem que calar a opinião de um alegre deputado o que choca com um alegre poeta que ninguém cala. Ora quando quem cala o alegre poeta - e o alegre deputado, e o alegre socialista, e o alegre dono do anti-fascismo - é ele próprio, perde-se a alegria e a coisa faz curto-circuito.
Um alegre livre pensador de esquerda, defensor dos direitos dos trabalhadores, que de forma louçãnica se revoltou contra a política do Sr. José precisa agora do apoio do Sr. José e dos amigos do Eng.º José, mas não pode concordar com as políticas do Sr. José, mas também não pode dizer que não concorda... nem dizer que concorda... e a coisa faz curto-circuito.
Uma alegre personificação da luta anti-fascista pela liberdade não pode pactuar com quem aprove em segredo voos da CIA, o que é uma chatice quando é a quem o apoia que se atribuem essas práticas menos transparentes... e é quem também o apoia mas mais em bloco quem condena estas práticas menos transparentes... e o eu alegre que ninguém cala não pode dizer ai... nem ui... e a coisa faz curto-circuito.
Não é fácil ser alguém que ninguém cala e não poder dizer o que quer que seja. Fica-se meio encavacado...
via http://31dasarrafada.blogs.sapo.pt/ por arcebisposarrafeiro
Pois é. Estou a ficar com sérios problemas...
Já dizia o poeta que "é melhor ser alegre que ser triste", mas isso não faz com que seja fácil ser Alegre. Não é fácil ser Alegre.
Um alegre candidato tem que calar a opinião de um alegre deputado o que choca com um alegre poeta que ninguém cala. Ora quando quem cala o alegre poeta - e o alegre deputado, e o alegre socialista, e o alegre dono do anti-fascismo - é ele próprio, perde-se a alegria e a coisa faz curto-circuito.
Um alegre livre pensador de esquerda, defensor dos direitos dos trabalhadores, que de forma louçãnica se revoltou contra a política do Sr. José precisa agora do apoio do Sr. José e dos amigos do Eng.º José, mas não pode concordar com as políticas do Sr. José, mas também não pode dizer que não concorda... nem dizer que concorda... e a coisa faz curto-circuito.
Uma alegre personificação da luta anti-fascista pela liberdade não pode pactuar com quem aprove em segredo voos da CIA, o que é uma chatice quando é a quem o apoia que se atribuem essas práticas menos transparentes... e é quem também o apoia mas mais em bloco quem condena estas práticas menos transparentes... e o eu alegre que ninguém cala não pode dizer ai... nem ui... e a coisa faz curto-circuito.
Não é fácil ser alguém que ninguém cala e não poder dizer o que quer que seja. Fica-se meio encavacado...
via http://31dasarrafada.blogs.sapo.pt/ por arcebisposarrafeiro
Pois é. Estou a ficar com sérios problemas...
terça-feira, dezembro 14, 2010
Simplicity
Dizem-me para não me preocupar, que tudo volta ao seu lugar. Não entendem - nem sei se entenderão algum dia - que eu não quero que volte tudo ao mesmo sítio. É andar em círculos, é estúpido. Sim, é estúpido.
Talvez não seja preciso explicar mais nada. Não me darei a esse trabalho, hoje.
Talvez não seja preciso explicar mais nada. Não me darei a esse trabalho, hoje.
segunda-feira, dezembro 13, 2010
Voos
Passei a guardar expectativas na cave do meu cérebro e percebo que não há nada melhor do que não esperar nada de ninguém. Há coisas que sabemos que podemos esperar das pessoas de quem gostamos, outras que, com a dose de incerteza que sempre há nas relações humanas devemos deixar acontecer. E percebo que sou muito mais feliz assim. Mais vale um voo inesperado do que uma queda sem razão.
Tenho dito.
Os dias
Dias com amigos, dias em família, estrada, muita estrada. Sabe bem voltar, tão bem como soube ir.
"Brunch" de "despedida" no norte - que saudades! - visita aos Sobrinhos-mais-lindos-do-mundo.
As novas do Migalhinha, para além do célebre "Eu xou muito mau" agora tem um cão de brincar que se chama "Meu Filho". O Vasquinho "bom garfo" que explica à Tia (e para grande orgulho dela): "Sabes, tia, a minha cor preferida é o vermelho. E vermelho é o mesmo que encarnado". No meio do ataque de riso respondi-lhe que o avô Ni não ia gostar muito daquela afirmação (o avô Ni bem tenta que os netos não sejam alfacinhas, mas acho que é uma batalha perdida).
É estar com amigos de sempre de quem tenho saudades e cujo encontro sabe sempre a muito pouco. É descansar dos pais (que preciso que era!) e acabar por ter saudades. É estar um dia inteiro com a Mana nas compras e fazer disparates e a rir à gargalhada, é a felicidade de nos vermos iguais a nós mesmas - apesar de eu não ter crescido e de seres mãe de família - e de eu continuar a fazer disparates e figuras tristes e de pôr toda a gente a olhar para nós, uns a rir, outros a pensar que sou maluquinha!
É Lisboa, essa cidade que eu adoro só porque sim.
segunda-feira, dezembro 06, 2010
Histórias da (minha) vida
Quantas vezes julgas alguém
por julgar ter mais do que tem e não ter a noção de si,
tu não tens a noção de ti.
Quantas vezes queres e não tens,
tantas vezes tens e nem tens a noção do que tens aí.
Deolinda
por julgar ter mais do que tem e não ter a noção de si,
tu não tens a noção de ti.
Quantas vezes queres e não tens,
tantas vezes tens e nem tens a noção do que tens aí.
Deolinda
quinta-feira, dezembro 02, 2010
Isto podia ter muitos títulos. Mais tolerante é impossível. Brilhante.
(...)
Zé Maria Brito, sj
Nesta como noutras discussões, temos que partir do princípio que quem critica a Igreja não o faz a partir da ignorância. Temos muitas vezes essa tentação. Esta questão tem sido fruto de discussão, ao longo de muito tempo, no interior da própria Igreja. É normal que gere polémica, mas devemos reconhecer que há muitas pessoas que criticam alguns aspectos do pensamento da Igreja (a começar por Católicos muito empenhados) com enorme honestidade intelectual. Os que o fazem desde dentro fazem-no, muitas vezes, com amor a um corpo a que sabem pertencer e no desejo de acertar com a vontade de Deus. Os que não pertencem à Igreja, ao serem ouvidos com todo o respeito, estão também chamados a criticar com respeito. Das inquietações de uns e outros resultam desafios concretos de Deus.
E, quando houver ignorância, depende também de nós desfazer mal entendidos e contribuir para que ela diminua.
Zé Maria Brito, sj
terça-feira, novembro 30, 2010
Pensamento do dia
"Não há pior analfabeto que o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. O analfabeto político é tão burro que se orgulha de o ser e, de peito feito, diz que detesta a política. Não sabe, o imbecil, que da sua ignorância política é que nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, desonesto, o corrupto e lacaio dos exploradores do povo."
Berltolt Brecht
Berltolt Brecht
terça-feira, novembro 23, 2010
sexta-feira, novembro 19, 2010
Dias mais Alegres?
“Sei que há pouco dinheiro mas tem que haver dinheiro para o essencial. Comigo na Presidência ninguém toca no SNS, na escola pública, na segurança social pública e nos direitos laborais dos trabalhadores. O candidato que se recandidata não diz o que fará se isso acontecer. Pois eu digo: veto e usarei todos os poderes presidenciais para defender esses direitos e para defender o conteúdo social da nossa democracia”.
Manuel Alegre
Via Arrastão. A ser verdade basta isto para ter o meu voto. A ver vamos.
Manuel Alegre
Via Arrastão. A ser verdade basta isto para ter o meu voto. A ver vamos.
quinta-feira, novembro 18, 2010
Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa
Ainda bem que há uns que se recusam a fazer horas extraordinárias, a avaliar por estas pérolas...
Cabo da GNR acusado de insubordinação por ter mandado "pró C..." um 2º Sargento:
Segundo as fontes, para uns a palavra “caralho” vem do latim “caraculu” que significava pequena estaca, enquanto que, para outros, este termo surge utilizado pelos portugueses nos tempos das grandes navegações para, nas artes de marinhagem, designar o topo do mastro principal das naus, ou seja, um pau grande. Certo é que, independentemente da etimologia da palavra, o povo começou a associar a palavra ao órgão sexual masculino, o pénis. E esse é o significado actual da palavra, se bem que no seu uso popular quotidiano a conotação fálica nem sequer muitas vezes é racionalizada.
Ler todo o acórdão aqui
Cabo da GNR acusado de insubordinação por ter mandado "pró C..." um 2º Sargento:
Segundo as fontes, para uns a palavra “caralho” vem do latim “caraculu” que significava pequena estaca, enquanto que, para outros, este termo surge utilizado pelos portugueses nos tempos das grandes navegações para, nas artes de marinhagem, designar o topo do mastro principal das naus, ou seja, um pau grande. Certo é que, independentemente da etimologia da palavra, o povo começou a associar a palavra ao órgão sexual masculino, o pénis. E esse é o significado actual da palavra, se bem que no seu uso popular quotidiano a conotação fálica nem sequer muitas vezes é racionalizada.
Com efeito, é público e notório, pois tal resulta da experiência comum, que CARALHO é palavra usada por alguns (muitos) para expressar, definir, explicar ou enfatizar toda uma gama de sentimentos humanos e diversos estados de ânimo.
Por exemplo “pra caralho” é usado para representar algo excessivo. Seja grande ou pequeno demais. Serve para referenciar realidades numéricas indefinidas (exº: "chove pra caralho"; "o Cristiano Ronaldo joga pra caralho"; "moras longe pra caralho"; "o ácaro é um animal pequeno pra caralho"; "esse filme é velho pra caralho").
Ler todo o acórdão aqui
Estes gajos adoram passar os limites
A televisão trouxe a notícia da libertação de Aung San Suu Kyi, e é claro que fiquei satisfeito. Sou em princípio a favor de todas as libertações, mas talvez desta ainda mais do que é costume. Não por Suu Kyi ser Prémio Nobel da Paz e Prémio Sakarov: na verdade são galardões que pela sua própria história me inspiram alguma desconfiança e dispenso-me de explicar porquê. Mas acontece que Suu Kyi é mulher e que para mais tem aquele arzinho fisicamente frágil que nos dá cuidados quando a imaginamos presa. É certo que na sua própria residência, que é capaz de ser mais confortável que a minha. Mas imagino que deve ser terrível para uma mulher, para mais senhora de boa disponibilidade financeira, não poder sair de casa para ir às compras no hipermercado mais próximo.
Ler na íntegra aqui. Por Correia da Fonseca, um energúmeno.
Pensamento do dia (da semana, do mês...)
Ando com imensa dificuldade em entender as pessoas. Mais dificuldade ainda em não as mandar para "o outro lado".
terça-feira, novembro 16, 2010
Pulhas!
Não há blogue ou jornal que não fale da crise, da potencial (ou objectiva) falência do País, da vinda do FMI, da dívida externa, do PIB e DA PATA QUE OS PÔS.
Continua a haver desperdício, continua a haver despesismo, continua a haver a arrogância de certos priveligiados que acham que são donos disto tudo: pois que são donos duma bela merda. Sim, uma bela merda. Lembro-me de uma parte da letra duma música dum grupo que uns amigos de Liceu (na saudosa década de 90, imagine-se!) tinham: "Se dinheiro fosse merda/Portugal já era rico/Se as putas fossem flores/Portugal era um jardim". Pulhas, e substituam o LH por um T que é isso mesmo.
segunda-feira, novembro 15, 2010
O Negro e o Negro
Andas a ver tudo a preto e branco. O que devia ser a cores não pode ser, porque houve escolhas que vos alteraram a visão para sempre. Dizer que só querias voltar atrás não serve de nada, por mais que isso pareça a coisa mais bonita que se pode dizer.
Podiam estar a envelhecer juntos e não estão. Podiam estar a viver aquele amor avassalador que vos apanhou de surpresa, que começou no dia em que se viram, que continuou pelo tempo possível por mais impossível ou improvável que o amor à primeira vista pudesse parecer.
Sabes que tens de guardar essas palavras para ti, que tens de fazer o que é certo, por mais que te pareça tão errado o que tem de ser feito.
Também podiam não estar juntos como na verdade não estão, é possível que o amor tivesse escapado, só que mais tarde.
Viram o farol quando estavam quase a encalhar e acabaram por encalhar de propósito. Só para poderem ficar mais um bocadinho um junto ao outro, mesmo sabendo que desencalhariam mais tarde ou mais cedo, que iam desembarcar e levar um banho de mar e realidade.
Nunca chegaram a aproveitar verdadeiramente o bocadinho que tiveram, a luz do farol, o barulho da ronca recordou-vos sempre que não era ali que deviam estar.
Há alturas em que na vida se tem de ver preto no branco. A preto e branco tem tantas possibilidades quantas vocês não têm.
Podiam estar a envelhecer juntos e não estão. Podiam estar a viver aquele amor avassalador que vos apanhou de surpresa, que começou no dia em que se viram, que continuou pelo tempo possível por mais impossível ou improvável que o amor à primeira vista pudesse parecer.
Sabes que tens de guardar essas palavras para ti, que tens de fazer o que é certo, por mais que te pareça tão errado o que tem de ser feito.
Também podiam não estar juntos como na verdade não estão, é possível que o amor tivesse escapado, só que mais tarde.
Viram o farol quando estavam quase a encalhar e acabaram por encalhar de propósito. Só para poderem ficar mais um bocadinho um junto ao outro, mesmo sabendo que desencalhariam mais tarde ou mais cedo, que iam desembarcar e levar um banho de mar e realidade.
Nunca chegaram a aproveitar verdadeiramente o bocadinho que tiveram, a luz do farol, o barulho da ronca recordou-vos sempre que não era ali que deviam estar.
Há alturas em que na vida se tem de ver preto no branco. A preto e branco tem tantas possibilidades quantas vocês não têm.
quinta-feira, novembro 11, 2010
Marina, Carlos Ruiz Zafón
É um livro anterior a "A sombra do Vento" (o meu preferido) e "O jogo do Anjo" mas só editado agora em Portugal. É também, segundo o autor, o seu favorito: "De todos os livros que publiquei desde que comecei neste estranho ofício de romancista, lá por 1992, Marina é um dos meus favoritos". Ainda que discordando do próprio, "Marina" tem muitas marcas do autor: a cidade de Barcelona e edifícios escondidos, mistério, criaturas fantasmagóricas e uma bonita história de amor. O narrador e personagem central, Óscar, retrocede 15 anos para contar a história que o marcaria para sempre. Em 1980 conhece Marina e a sua vida nunca mais será a mesma. Zafón habituou-nos a uma belíssima escrita, com descrições de uma Barcelona que muitos desconhecem. Desta vez não há nenhum "cemitério dos livros esquecidos" (pelos vistos surgiu mais tarde) nem estórias rodeadas de livros, e talvez por isso "Marina" não me tenha apaixonado tanto como os livros que li anteriormente (ainda que tenham sido escritos mais tarde). A prova de que a morte é o mais certo da vida, e que tentar fintá-la fingindo ser um qualquer Deus de nada serve.
quarta-feira, novembro 10, 2010
Fuga para a frente
Fui embora devagar, como quem não vai mas vai. Fui saindo, a dar passos para trás porque não gosto de virar as costas. Tinha de ser, às vezes temos de ir embora devagarinho, sem pressa ou despedidas.
Não te disse adeus, não te apercebeste que fui. Porque parece que estou, sem que entendas que na verdade não estou. Não é um jogo de palavras: não te olho, não te vejo mesmo que estejas à minha frente porque não te quero ver, não te sorrio porque não me apetece, não tenho vontade.
Um dia talvez grite, talvez me dê ao trabalho de explicar ou de pedir que me expliques o inexplicável.
Hoje não. Tenho grande parte do que preciso para ser feliz. O buraco fechou, aquele junto ao ventrículo esquerdo.
Não te disse adeus, não te apercebeste que fui. Porque parece que estou, sem que entendas que na verdade não estou. Não é um jogo de palavras: não te olho, não te vejo mesmo que estejas à minha frente porque não te quero ver, não te sorrio porque não me apetece, não tenho vontade.
Um dia talvez grite, talvez me dê ao trabalho de explicar ou de pedir que me expliques o inexplicável.
Hoje não. Tenho grande parte do que preciso para ser feliz. O buraco fechou, aquele junto ao ventrículo esquerdo.
terça-feira, novembro 09, 2010
Daquelas coisas que só me acontecem a mim...
A Cristina, minha adorada 2ª mãe, estava ontem doente. Chegada a casa, em conversa com o Papi, percebi que não teria melhorado e resolvemos que não era preciso ir trabalhar hoje. Como já era tarde, enviei-lhe uma mensagem, enviando também de seguida uma ao Carlitos, o filho, para o caso de ela não ler a mensagem antes de sair de casa. Passado um bocado recebo uma chamada de um número não identificado que não atendi (a partir de determinada hora, lamento, mas não atendo números privados). Deixaram uma mensagem que não tive pressa em ouvir. Mais tarde recebo uma chamada do suposto Carlitos, que rejeitei e devolvi:
"Carlitos, é a Joaninha, era para dares o recado à tua mãe para ficar em casa amanhã"
"Está bem, já lhe dei o recado".
Estranhei que não dissesse mais nada, mas fiquer descansada. Antes de me deitar fui ouvir a mensagem de voz que tinha no telemóvel. Era uma senhora que não era a Cris:
"Olhe, boa noite, o meu filho recebeu uma mensagem a dizer para não ir trabalhar amanhã, mas eu não conheço este número e não recebi mensagem nenhuma no telemóvel. Agradecia que me contactasse para o número********".
Passava das duas da manhã, não ia ligar. Enviei mensagem ao suposto Carlitos a dizer que foi claramente um engano e a pedir desculpa. A senhora provavelmente terá pensado que ia ser despedida, ou que era uma brincadeira de mau gosto.
Eu já entrei inadvertidamente em contas de e-mail que não eram minhas, já enviei mensagens escritas por engano a um dos meu chefes e a chamar-lhe "amora", enfim, já cometi tantas gaffes na minha vida que nem sei. É mais uma, para um rol de acontecimentos que fazem de mim uma pessoa potencialmente perigosa.
quinta-feira, outubro 28, 2010
Às vezes acertas tanto que até irrita
I have always fallen in love fast and without measuring risks. I have a tendency not only to see the best in everyone, but to assume that everyone is emotionally capable of reaching his highest potential. Many times in romance I have been a victim of my own optimism.
E se Obama fosse africano e outras interinvenções, Mia Couto
É um conjunto de intervenções públicas feitas por Mia Couto em diversos contextos nos últimos anos. Muitos temas abordados, muitas reflexões a discutir, muitas das intervenções uma forte crítica ao povo africano, ao povo de Moçambique. Porque estamos habituados a ouvir e ler que África viu o seu futuro hipotecado muito por ser um continente altamente colonizado, é surpreendente como Mia coloca as questões, responsabilizando os próprios africanos pela corrupção, pela gente sem escrúpulos que lidera muitos países africanos. "A descolonização só pode ser feita pelos próprios colonizados". O texto de dá nome ao livro - "E se Obama fosse africano" - é escrito depois de lhe ter "chegado às mãos" um texto de um camaronês com o título "E se Obama fosse camaronês". É o último texto do livro, escrito em 2008, que recomendo vivamente porque retrata uma realidade que muitas vezes teimamos não ver. Começa assim:
1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. (...) A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões.
(...)
4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse afrincano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto.
(...)
Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos, moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte. (...) A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores corruptos de África tenham o direito de de se fazerem convidados para esta festa.
segunda-feira, outubro 25, 2010
O QUE EU QUISER
quem acorda mais cedo vai vender saúde
e quem vai dormir cedo há-de crescer
o que será de mim que tenho por virtude
ver o sol avisar que vai nascer?
Não vou ouvir o que ninguém diz
e vou dormir quando eu quiser
grão a grão a galinha vai enchendo o papo
e eu fico a pensar o tempo inteiro
o que será de quem dá tudo por um trapo
ao chegarem os saldos de Janeiro?
Não vou seguir o que ninguém diz
e vou vestir o que eu quiser
ando sob a chuva porque quero andar
grito porque é moda proibir gritar
eu não sei... eu não sou... mas quando olho para mim
não cheguei... não vou... mas eu estou bem assim
se quem semeia ventos colhe tempestades
eu prefiro plantar mil furacões
não vou ligar ao que ninguém diz
e vou fazer o que eu quiser
o que eu quiser!
Letra de Tiago Torres Silva, no álbum Graffiti, Júlio Pereira
e quem vai dormir cedo há-de crescer
o que será de mim que tenho por virtude
ver o sol avisar que vai nascer?
Não vou ouvir o que ninguém diz
e vou dormir quando eu quiser
grão a grão a galinha vai enchendo o papo
e eu fico a pensar o tempo inteiro
o que será de quem dá tudo por um trapo
ao chegarem os saldos de Janeiro?
Não vou seguir o que ninguém diz
e vou vestir o que eu quiser
ando sob a chuva porque quero andar
grito porque é moda proibir gritar
eu não sei... eu não sou... mas quando olho para mim
não cheguei... não vou... mas eu estou bem assim
se quem semeia ventos colhe tempestades
eu prefiro plantar mil furacões
não vou ligar ao que ninguém diz
e vou fazer o que eu quiser
o que eu quiser!
Letra de Tiago Torres Silva, no álbum Graffiti, Júlio Pereira
SMS
(porque ando pouco virada para a escrita, partilho as coisas que me fazem rir e saber que tenho uma sorte do caraças por ter amigos assim)
"Sonhei contigo =) Nada badalhoco!(...)"
O menino é lindo, sabia? :D
"Sonhei contigo =) Nada badalhoco!(...)"
O menino é lindo, sabia? :D
terça-feira, outubro 19, 2010
Das verdades em que acredito
Apesar de tudo, vivemos numa sociedade que tem uma característica muito curiosa: aqui se glorifica o indivíduo mas nega-se a pessoa. Parece um contra-senso, mas não é. Afinal, há distância entre estas duas categorias: indivíduo e pessoa. Indivíduo é um ser anónimo, sem rosto e sem contorno existencial. A história de cada um de nós é a de um indivíduo a caminho de ser pessoa. O que nos faz ser pessoa não é o Bilhete de Identidade. O que nos faz ser pessoa é aquilo que não cabe no Bilhete de Identidade. O que nos faz pessoas é o modo como pensamos, como sonhamos, como somos outros. Estamos, enfim, falando de cidadania, da possibilidade de sermos únicos e irrepetíveis, da habilidade de sermos felizes.
Mia Couto, 2005
Mia Couto, 2005
segunda-feira, outubro 18, 2010
Cenas
Estamos tão entretidos em sobreviver que nos consumimos no presente imediato. Para uma grande maioria, o porvir tornou-se um luxo. Fazer planos a longo prazo é uma ousadia a que a grande maioria foi perdendo direito. Fomos exilados não de um lugar. Fomos exilados da actualidade. E por inerência, fomos expulsos do futuro.
(...) O amanhã tornou-se demasiado longe. Mais do que longínquo, tornou-se improvável. Mais do que improvável, tornou-se impensável.
Mia Couto, 2008
sexta-feira, outubro 15, 2010
Chamem-lhe Vandalismo, mas daquele exótico-criativo! Muito bom!
Depois do que a EMEL classificou como «acto de vandalismo», o parque de estacionamento na Rua do Arsenal, em Lisboa, tornou-se na quarta feira um parque de uso «exclusivo» para deficientes. Do dia para a noite, todos os lugares passaram a ter pintado o símbolo respectivo. A rua do Arsenal tem início na praça do Comércio e passa pela Praça do Município, lugares da cidade onde têm sede muitas instituições públicas.
Via SapoNotícias
quarta-feira, outubro 13, 2010
Em bom português
É (mais) um "Programa" do Governo. De facto, estes senhores começam a ser mais "garotos de programa" do que outra coisa qualquer. Ao que consta é um "Regimento" inspirado no "Programa de Simplificação Legislativa" cujo objectivo é simplificar e clarificar as leis para que sejam mais facilmente interpretadas pelo cidadão comum. É para 2012, ao que parece. Chamam-lhe "Programa Simplegis" e que supostamente evitará o recurso constante de empresas e particulares a advogados. O Sr. Bastonário da Ordem dos Advogados já se insurgiu (pasmem-se!) uma vez que considera que está em causa a "separação de poderes", ou seja, considera que não cabe ao legislador interpretar e aplicar as leis. O documento, ao que consta, vai ao pormenor da utilização dos tempos verbais (privilegia o Presente do Indicativo), proíbe estrangeirismos, tem regras restritas no que respeita à pontuação, utilização de maiúsculas, abreviaturas e siglas, tudo isto é tido em conta no referido "Regimento".
De facto, sempre fui avessa ao "legislês" muito utilizado pela maioria dos juristas, muitos deles aqueles "especialistas" que vão a programas da televisão ou escrevem artigos em jornal e que utilizam termos que a maioria dos cidadãos (onde me incluo, naturalmente) desconhecem. Ora, o art.º 6.º do Código Civil, cuja epígrafe é "Ignorância ou má interpretação da Lei" diz A ignorância ou má interpretação da lei não justifica a falta do seu cumprimento nem isenta as pessoas das sanções nela estabelecidas. E teoricamente esta é uma medida acertada.
Mas interpretações à parte, penso que no cerne da questão está em QUEM legisla. Porque o grande problema estará, naturalmente, nesta utilização de termos que não estão ao alcance de todos, mas principalmente no facto de, daquilo que conheço de algumas leis, o legislador (e/ou redactor) pura e simplesmente não saber escrever português. Mais: legisla acerca de temas que desconhece por completo. E se calhar o problema está aí. Portanto, meus caros, provavelmente a solução está em deixarem-se de "jobs" e de "boys" que estão sentados numa cadeirinha (decerto confortável) em Lisboa num qualquer Ministério a "fabricar" leis que muitas vezes ninguém entende nem consegue interpretar, e pedir a pessoas competentes (e de preferência não apenas a "juristas iluminados") que pelo menos ajudem na redacção das leis.
E tenho dito, porque de facto tenho "Programas" mais interessantes para fazer.
terça-feira, outubro 12, 2010
De chorar a rir...
"1ª classe [no comboio] é muito bom. Atira comida pela janela quando vires pessoas. É super bonito!"
segunda-feira, outubro 11, 2010
Seis Suspeitos, Vikas Swarup
Escrito pelo mesmo autor do célebre "Quem quer ser Bilionário", "Seis Suspeitos" é viciante pelo enredo e surpreendente por conduzir o leitor à mais profunda realidade indiana. Vikas Swarup é um diplomata indiano que, apesar de "privilegiado", aponta o dedo à sociedade indiana e faz um apelo (que é tudo menos velado) a tudo o que está "podre" no país onde agora vive e trabalha. Do livro, é uma estória de ficção com muito de verdadeiro (até porque terá por trás alguma base de verdade), apaixonante pelas personagens que dela fazem parte mas acima de tudo uma crítica ao sistema de castas, à imoralidade política e judicial, a um país onde quem tem poder e dinheiro tem rigorosamente tudo, até o direito a matar impunemente.
Tudo começa com o jovem playboy filho de um influente - e corrupto - político que é absolvido do assassínio de uma jovem empregada de bar que recusa servir-lhe uma bebida. Na festa de comemoração da absolvição, Vicky Rai é assassinado e os suspeitos são todos os que são encontrados com armas escondidas: o pai do playboy, uma conhecida actriz de Bollywood, um profissional ladrão de telemóveis que é apaixonado pela irmã do morto, um jovem duma tribo que procura a pedra Sagrada que lhe pertence, um americano burro e apaixonado, um burocrata corrupto que volta e meia "encarna" Ghandi. O narrador é um jornalista famoso cuja profissão utiliza para denunciar a corrupção dum país onde "até no crime há sistema de castas", que descreve a vida dos seis suspeitos, alguns deles apanhados nesta trama completamente por acaso.
quinta-feira, outubro 07, 2010
Eu ainda sou despedida com justa causa. Ups, por razão atendível...
Numa troca de e-mails com a minha chefe falar em "companheiras de luta" e no e-mail seguinte acabar com "resistir é vencer" é capaz de não ser muito boa ideia. Mas estou assim, num dia revolucionário. Ainda me vou arrepender!
Para que não restem dúvidas...
... depois da quantidade de disparates que li no Facebook, na imprensa e na blogosfera, aqui fica o meu VIVA A REPÚBLICA!
Descobertas
Apesar de já não andar a ver televisão a mais, descobri ontem, nos 10 minutos em que estive na sala à conversa com a família antes de me ir deitar, outra maravilha da Televisão por cabo: existe um remake daquela série maravilhosa da minha infância, mais tarde repetida e dobrada em brasileiro num canal qualquer chamada O JUSTICEIRO. Não sei se ainda se chama assim, mas percebi que o actor principal se chama Michael Knight e o carro é o Kitt, ou seja, igual à série em que o actor principal era o David Hasselhoff. Aparentemente o Kitt andou a par da evolução tecnológica, mas confesso que não consegui ver aquilo mais de dois minutos (os restantes foram passados a rir à gargalhada e a gozar com o Papi porque parou naquele canal, naquela série).
Definitivamente vou tentar não ter Televisão quando me mudar.
quarta-feira, outubro 06, 2010
Update
Tenho andado alheada destas vidas da blogosfera. Podia dizer alienada, também não estaria nada mal. É muita informação. São torcicolos e idas ao Centro de Saúde onde a senhora que me atende me trata por "tu" - não sei se fique feliz pela minha aparente juventude, se chegue definitivamente à conlcusão de que isto anda tudo ao contrário. Foi o concerto dos U2 (um grande concerto), foi a República e festas e mais festas, foram passeios em família que já não aconteciam há uns meses - curiosamente acabamos sempre por ir ao mesmo sítio, mas até é essa a piada da coisa. É olhar à volta e continuar sem perceber (ou perceber cada vez menos) se sou eu que ando ao contrário ou se foi a Terra mudou de sentido de rotação. São mensagens que de tão bonitas me deixam angustiada, são declarações de amizade que mais parecem declarações de amor - e sei tão bem que não são... - são as pessoas, sempre as pessoas. São amigos que me fazem falta porque não estão, são outros que estão e que sei que fariam tanta falta se não estivessem. Tem sido muita trash TV e a consciência de que isto tem de acabar: ando a ver mais de uma hora de televisão por dia e isto é uma média assustadora. Deixemo-nos de estatísticas: é preciso acordar para a vida.
quarta-feira, setembro 29, 2010
É que ele há coisas...
Sozinha em casa, posso fazer o zapping que me apetecer. Pois que parei no seguinte diálogo duma telenovela portuguesa:
"Pai, se me deixar casar com a sua filha, prometo que ela nunca mais sai daqui".
Ora, isto é estranho. Mais estranho ainda foi ter ficado 10 minutos a ver uma telenovela para perceber este diálogo. Pior: continuei na ignorância.
Conclusões:
1) Caiu por terra a minha teoria de que basta ver um epísódio duma qualquer telenovela para perceber todo o enredo, quiçá até o final.
2) Isto é tudo maluco ou tem uma explicação????
"Pai, se me deixar casar com a sua filha, prometo que ela nunca mais sai daqui".
Ora, isto é estranho. Mais estranho ainda foi ter ficado 10 minutos a ver uma telenovela para perceber este diálogo. Pior: continuei na ignorância.
Conclusões:
1) Caiu por terra a minha teoria de que basta ver um epísódio duma qualquer telenovela para perceber todo o enredo, quiçá até o final.
2) Isto é tudo maluco ou tem uma explicação????
terça-feira, setembro 28, 2010
Estes Senhores da Direita andam todos a ver a Luz...
Temos que saber enfrentar a nova realidade com uma nova moldura do contrato social que lhe está subjacente. Não apenas tornando-o mais eficiente e mais ético, reprimindo os abusos e os desperdícios, como igualmente promovendo uma mais sólida cultura de partilha de riscos. Um contrato que preserve o seu alicerce público, mas que não iluda as pessoas através de um Estado totalizante, na saúde, nas pensões, na educação. Um "Estado possibilitador" que tenha um critério social coerente e congruente com uma sólida igualdade de oportunidades e não com um ilusório igualitarismo. Um Estado Social que não se pode dissociar do sistema fiscal e da sua progressividade.
Por outro lado, o Estado Social não é uma entidade aparte de todo o Estado. Tem que haver coerência. Não se podem anunciar grandes investimentos para serem pagos daqui a 20 ou 30 anos, como se fossemos ricos, ao mesmo tempo que se diminuem as parcas pensões porque não haverá dinheiro. O dinheiro é o mesmo. A política implica opções, escolhas, renúncias e prioridades. É isto que se tem de dizer às pessoas. E não suscitar querelas emocionais com uma patética visão parcelar e de curto-prazo. Não desperdicemos tempo com o ruído da irresponsabilidade. Ainda aqui o que precisamos é de estadistas e não de ilusionistas.
Bagão Félix in Diário Económico
É assustador chegar ao ponto de concordar com a Direita mais à Direita (ainda que com argumentos, na sua essência, de esquerda).
quinta-feira, setembro 23, 2010
Sem título
Viver sempre sossegado/Cada amor em cada lado/Mas ele mesmo, até morrer/Vá-se lá saber/O que sentia todo o dia, até anoitecer
Viveu sempre, em todo o lado/Com seus dons de namorado/Sempre, sempre a envelhecer/Vá-se lá dizer/O que fazia todo o dia, até amanhecer
É bom ter má fama/Dá para ter vazia a cama/E nesta solidão de Kant/Ser tido um grande amante
É bom ter de fundo/Que anda pelas bocas do mundo/E quem quizer acreditar/Ao menos não vem cá espreitar
Sobra-me tempo para cantar/O tempo para cantar/O tempo para cantar
Fez de tudo, até calçado/Mas seu jeito de empregado/Só deixava perceber/Para quem queria ver/De cada dia uma alegria, para desaparecer
Fez de tudo, de empregado/Só não fez do seu passado/Um segredo para esconder/Já não vai vencer/Mas respondia para se defender:
É bom ter má fama/Dá para ter vazia a cama/E nesta solidão de Kant/Ser tido um grande amante
É bom ter de fundo/Que anda pelas bocas do mundo/E quem quizer acreditar/Ao menos não vem cá espreitar
Sobra-me tempo para cantar/O tempo para cantar/O tempo para cantar
terça-feira, setembro 21, 2010
Pensamento do dia
A quantidade de vezes que me irrito quando se pergunta como as pessoas estão e a resposta é "vai-se andando" ou "mais ou menos" não sei se faz de mim uma pessoa muito mais feliz que o comum dos mortais ou uma pessoa absolutamente irresponsável.
segunda-feira, setembro 20, 2010
Sobre a vergonha do que se passou no Parlamento na passada 6ª feira
Apenas um deputado se recusou a renegar todo o património a que qualquer socialista, moderno ou antigo, centrista ou radical, está obrigado: Sérgio Sousa Pinto. Sozinho numa bancada de desistentes, de gente que parece já não levar a sério nem a mais elementar das suas convicções, deu um murro na bancada e votou como ditava a sua consciência. Muitas vezes discordo de Sérgio Sousa Pinto. Muitas vezes desgosto do seu estilo. Mas na sexta-feira passou a merecer o meu respeito político.
Por Daniel Oliveira. Publicado no Expresso Online.
O PG no seu melhor. Partido do Governo, porque de Socialista tem já muito pouco.
Quanto à maioria dos homens que representam hoje o PS, não me resta qualquer esperança. Nem no mais básico dos combates civilizacionais podemos contar com eles. Tristes políticos que por tão pouco poder abdicam de tanto.
Por Daniel Oliveira. Publicado no Expresso Online.
O PG no seu melhor. Partido do Governo, porque de Socialista tem já muito pouco.
Inquietação
A contas com o bem que tu me fazes
A contas com o mal por que passei
Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes
(...)
Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
José Mário Branco
A contas com o mal por que passei
Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes
(...)
Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
José Mário Branco
quinta-feira, setembro 16, 2010
segunda-feira, setembro 13, 2010
Você é uma besta
Para acabar com isto duma vez por todas. Não trato ninguém por "você", porque as pessoas são pessoas, senhores ou senhoras. Mas você é uma verdadeira besta. Você pode ser muita gente. Eu conheço algumas. Você é uma pessoa arrogante, com a mania que tem o rei na barriga apesar de não ter onde cair morta (mesmo que tenha, passou a não ter, decidi eu). Você desconhece a noção de cortezia cortesia, de boa educação. Você não sabe que não é mais do que os outros: você é, aliás, muito menos do que o resto do mundo, é só uma questão de saber fazer contas e saber que dois é maior do que um. Você não é só uma besta, você é uma besta cúbica - quadrada é pouco. Você andou na Universidade, não sei se pública se privada, não me interessa, mas lá nunca lhe ensinaram - porque no berço também não - que ninguém é melhor que ninguém. Ou melhor: nunca lhe ensinaram que pessoas como você são muito menos do que qualquer Maria ou José que nunca tenham chegado à Universidade, seja lá por inércia, preguiça ou falta de possibilidades, é indiferente. A montanha, a sua montanha em cujo cume você pensa que está, pariu um rato. É isso, você é um rato - até me custa dizer isto porque até gosto de ratinhos. Mas esta linguagem simples, básica, tenho a certeza que você conhece.
Tenho esperança que um dia você venha a perceber que não se trata as pessoas que se consideram inferiores como lixo. Porque você não sabe, mas eu explico: você depende tanto ou mais do Estado como/do que elas. Porque foi o Estado que lhe deu emprego há uns anos atrás, é o Estado que lhe paga um ordenado - que não é merecido - todos os meses, e somos todos nós - o Estado - que lhe vamos pagar a reforma.
Espero que um dia venha a perceber isto. Espero que venha a perceber que uma merda dum anel com uma pedra cuja cor não distingui (não sei se por ser daltónica, que não sou, se por ser mesmo uma cor indefinida) faz de si uma besta muito maior do que as restantes possíveis bestas que tenham o azar de lhe passar à frente.
Estados
Emigrada de mim. Hei-de voltar cheia de novidades e riquezas, cheia de saudades, cheia de sorrisos e gargalhadas que me divertem mais a mim do que aos outros.
por mais ausente que esteja a minha "versão" optimista não muda. às vezes preferia não ser assim.
por mais ausente que esteja a minha "versão" optimista não muda. às vezes preferia não ser assim.
sábado, setembro 11, 2010
Dos ódios - a excepção
Amei e odiei como toda gente.
Mas para toda gente isso foi normal e instintivo.
Para mim sempre foi a excepção, o choque, a válvula, o espasmo.
Do Livro do Desassossego, Fernando Pessoa
Mas para toda gente isso foi normal e instintivo.
Para mim sempre foi a excepção, o choque, a válvula, o espasmo.
Do Livro do Desassossego, Fernando Pessoa
quinta-feira, setembro 09, 2010
Da honestidade
Mentir e omitir não são sinónimos. Nalguns casos uma das acções justifica a ausência da outra. Por falar em ausência: quando uma ou outra não são acompanhadas de alguma, nem que seja alguma, honestidade, é tudo a mesma coisa.
Resumindo, para isto ficar claro:
A desonestidade tira-me do sério.
Via CTT :)
quarta-feira, setembro 08, 2010
Everybody's free (to wear sunscreen)
Sing
Don't be reckless with other people's hearts.
Don't put up with people who are reckless with yours.
Floss
Don't waste your time on jealousy.
Sometimes you're ahead, sometimes you're behind.
The race is long and, in the end, it's only with yourself.
(...)
Stretch
Don't feel guilty if you don't know what you want to do with your life.
The most interesting people I know didn't know at 22 what they wanted to do with their lives.
Some of the most interesting 40-year-olds I know still don't.
(...)
Maybe you'll marry, maybe you won't.
Maybe you'll have children, maybe you won't.
Maybe you'll divorce at 40.
Maybe you'll dance the funky chicken on your 75th wedding anniversary.
Whatever you do, don't congratulate yourself too much, or berate yourself either.
Your choices are half chance.
So are everybody else's.
(...)
Understand that friends come and go,
but with a precious few you should hold on.
Work hard to bridge the gaps in geography and lifestyle, because the older you get,
the more you need the people who knew you when you were young.
(...)
Travel
Accept certain inalienable truths:
Prices will rise.
Politicians will philander.
You, too, will get old.
And when you do, you'll fantasize that when you were young, prices were reasonable, politicians were noble, and children respected their elders.
segunda-feira, setembro 06, 2010
Eu juro...
... que não vejo Deus em todas as coisas, em tudo o que me acontece (talvez devesse, mas não vejo). E no entanto parece que há frases que parecem vir d'Ele, pessoas que parecem "enviadas".
Se não estava eu tão bem: descansadinha sem pensar muito na vida.
Se não estava eu tão bem: descansadinha sem pensar muito na vida.
quinta-feira, setembro 02, 2010
Dos textos brilhantes que não me importava de ter escrito
Via Aspirina B, "Vinte Linhas 531: Os bons, os maus e os vilões - tudo no mesmo dia" por José do Carmo Francisco
Parece de propósito mas tudo aconteceu depois de publicado no «aspirinab» um texto de memórias sobre o actor Lee Van Cleef. De manhã apanhei na Rua da Escola Politécnica um casalinho que fingia não ouvir a senhora da padaria a dizer «Venham pagar a garrafa de água!». Foram esconder-se atrás do caixote do lixo na Rua do Salitre e quando lhes falei fugiram pela rua acima. Aparentemente são pessoas normais mas na verdade não são nada normais. Quem rouba uma garrafa de água numa padaria é uma cavalgadura. A única boa pessoa é a senhora da padaria. Horas depois soube que, no prédio ao lado do meu, um indivíduo estrangeiro que exerce a profissão de professor em Portugal juntou um monte de cartas e só o entregou á dona da casa onde viveu estes meses no dia em que se foi embora. O grande palhaço não quis perceber que em Portugal as pessoas recebem cartas e não estamos no deserto do Norte de África. Aqui as notícias não vão de camelo; camelo é ele, o brutamontes chauvinista. Ao fim da tarde assisti a uma cena incrível: um gajo miserável dizia com um ar bastante empertigado ao recepcionista de um Hotel o seguinte – «Você garante-me que nos últimos dois anos não ficou nenhum gato neste quarto?». O rapaz respondeu o mais correctamente possível: «O nosso Hotel tem excelentes padrões de limpeza e desinfestação!». Mas o parvalhão não desistia: «Está provado que os pêlos dos gatinhos ficam dois anos e podem incomodar o cão…».
Cambada de trambolhos: o casalinho da manhã pareceu-me português, o estranho professor que amontoou correio é francês e o burro que incomodou o recepcionista do Hotel é espanhol. A CE está a enlouquecer aos poucos, é o que parece.
"Muito medo e pouca vergonha", já dizia o meu Paizinho!
Nunca gostei muito da teoria dos "melhores pais do mundo". Acho que quem acha que os tem, na verdade, sabe que só são os melhores porque são os seus. Fui sempre capaz (até demais, como é meu hábito) de criticar os meus pais, de lhes reconhecer imensos erros que, do meu ponto de vista, cometeram. Espero (como eles esperarão, como é o que esperarei dos meus sobrinhos e possíveis filhos) conseguir ser melhor mãe dos que eles foram mãe e pai. Não sei se será fácil - na fase do "armário" achei que era a coisa mais fácil do mundo, a minha mãe dizia-me sempre: "filha és, mãe serás" e, a ter razão, reconheço que não será a coisa mais simples do mundo.
Só quero esclarecer uma coisa: os meus pais têm de ter uma paciência e uma tolerância acima da média (coisa que durante muitos anos não tiveram e nem assim eu fui lá) para me aturar. Acho que desistiram de ralhar, e não sei se é bom ou se é mau, só sei que de facto entendo quando me perguntam, meio a rir, meio a sério: quando é que ganhas juízo?
quarta-feira, setembro 01, 2010
Vidas
Foram tantos os Abraços que não chegaram quatro braços. Para os Abraços.
Inspirado na "Canção dos Abraços", Sérgio Godinho.
Inspirado na "Canção dos Abraços", Sérgio Godinho.
sexta-feira, agosto 27, 2010
Simplifiquemos, pois claro!
"Governo simplifica contratação de pessoal a termo para toda a função pública" hoje no Público online.
Honestamente não consigo vislumbrar as repercussões desta medida (sejam elas benéficas ou não seja lá para quem for) mas esta "onda" do Simplex, de simplificar tudo quanto são procedimentos já começa a enjoar. Em regra, na vida, tenho tendência para "descomplicar" (às vezes demais) e de não complicar o que simplesmente não é complicado. Sou, por princípio, contra qualquer forma de precariedade (na qual incluo a contratação a termo) mas reconheço que o mundo do trabalho está em mudança e que o "emprego para toda a vida" das gerações anteriores à minha tem os dias contados (se é que já não está morto e enterrado), por isso tento o mais possível não ser avessa a tudo o que tem "rasgos" de prejuízo para os trabalhadores.
Não analiso Curriculae nem nunca o aprendi a fazer, ajudei muitas vezes a fazê-los e tenho uma perspectiva "simplista" (como não podia deixar de ser) daquilo que considero ser um bom CV, ao contrário de outros que escrevem teses sobre o tema: simples, conciso, objectivo e o mais sucinto possível (e nesta caracterização chego a repetir-me, uma vez que uns adjectivos serão sinónimos de outros).
Segundo a notícia, a medida é ainda uma mera* proposta em resposta a reivindicações dos sindicatos por uma simplificação dos concursos: no alto da minha ignorância creio que estes senhores (dos sindicatos) estão a dar um belo tiro no pé, mas isso serão eles a avaliar se a medida for para a frente.
Mas aquilo que me transcende nem é nada disto. É que fiquei literalmente numa encruzilhada de pensamentos: sempre considerei muitos dos concursos para a contratação pública uma verdadeira "treta". Sou bastante resistente à questão dos testes psicológicos, ou psicotécnicos ou seja lá o que isso é - não querendo, no entanto, contestar nem atestar a possível cientificidade da coisa - e tenho uma claríssima opinião (muito negativa e por experiência própria) relativamente às entrevistas realizadas para a função pública.
Sendo assim, a conclusão seria que fiquei muito contente com esta notícia. Mas não: não acho que as competências se meçam por meia dúzia de folhas dum Curriculum (no meu caso resume-se a duas páginas)e muito menos considero que isto seja solução para coisa alguma.
*na revisão do texto, apercebi-me que inadvertidamente acrescentei um "d" a esta palavra. Fiquei na dúvida se o deveria manter. Fica registado.
Pensamento do dia
Vale a pena lembrar que, embora haja uma vasta diferença entre nós no que respeita aos fragmentos que conhecemos, somos todos iguais no infinito da nossa ignorância.
Karl Popper, in Conjecturas e Refutações, Almedina:2003
Karl Popper, in Conjecturas e Refutações, Almedina:2003
quarta-feira, agosto 25, 2010
Descobertas
Preciso de música, daquelas que me mostraste nos tempos em que partilhavamos serões junto à lareira. Quando falávamos de tudo, quando sabíamos que no dia seguinte nos despediríamos sem saber quando nos voltaríamos a ver. Entornavamos conversas um no outro e whisky no copo. Rimos tanto, deitados no chão, enconstados aos pufs em frente à lareira onde ias pondo lenha apesar de não estar muito frio: era a época em que sabíamos exactamente onde íamos, pelo menos até ao dia seguinte. Eram noites sem trânsito, sem pressa, sem dar satisfações. Eram as nossas noites, livres de compromissos e de gente à nossa volta. Noites sem sono e sem insónia.
Descobri no último momento que hoje estamos tão diferentes e que podemos, mesmo assim, manter a parte mais importante das nossas vidas intactas. Aquela parte em que somos livres.
segunda-feira, agosto 23, 2010
sexta-feira, agosto 20, 2010
quinta-feira, agosto 19, 2010
O Elefante Evapora-se, Haruki Murakami
Um livro de 17 contos fantásticos, que partem de vivências banais e chegam (quase) sempre ao surreal, naquele tão característico imaginário de Murakami. Preferi sempre os seus romances aos conjuntos de contos e essa tendência também se aplica aqui. Há contos verdadeiramente comoventes, outros de tal maneira surreais que quase dão vontade de rir. Quase todos escritos na década de 80 (exceptuando "Sono" - 1993, "Os homens da TV" - 1993 e "O silêncio" - 1999) há sempre qualquer coisa de absolutamente bizarro no que é aparentemente normal. Títulos como "O pássaro de corda e as mulheres das terças-feiras" - estória que, aliás, revisita a obra "Crónica de um Pássaro de Corda"; "Ao ver uma rapariga cem por cento perfeita numa manhã de Abril" - que é uma verdadeira lição de vida ou "A queda do Império Romano, a Revolta dos Índios de 1881, quando Hitler invadiu a Polónia, e o mundo dos ventos violentos" - sim, é tudo um só título de um dos contos - são alguns dos exemplos de como a imaginação não tem limites. A ler.
terça-feira, agosto 17, 2010
NYC
Chegada ao fim da tarde. Aeroporto JFK. Apanhar táxi, ir a casa do Frank deixar as malas, sair para dar uma volta enquanto ele não chega. Fumar um cigarro à porta do prédio e perceber que estamos a cerca de 20 passos (dos meus, pequeninos, bem pequeninos) do Empire State Building. A recepção do meu amigo lindo, a felicidade de nos ter lá (agora deve ser a felicidade de voltar a dormir na sua cama King Size - tenho em mim que ainda não deve ter recuperado das dores de costas relacionadas com o facto de ter estado uma semana a dormir no sofá). Ser gozada durante uma semana porque tenho "um telemóvel de brincar" e por milhentas outras coisas - que saudades de matar saudades!
Nova Iorque é A Cidade. É perceber que desde sempre somos inundados por imagens da Big Apple, é reconhecer os cantos da cidade. É andar até não aguentar mais, é a Ponte de Brooklyn, a Little Italy, Chinatown, Central Park, avenidas que nunca mais acabam, é o rio Hudson, são vistas que enchem os olhos, é Times Square. O Guggenheim, o Metropolitan, o MOMA.
É - foi - acima de tudo, estar com grandes amigos num sítio completamente diferente. Foi sair à noite e muitas gargalhadas. (foi também refilar muito, mas aposto que o F. já tinha saudades dos velhos raspanetes da J.).
Apetecia-me ter ficado.
sexta-feira, julho 30, 2010
Impressionante....
... como chovem logo comentários quando se faz uma "excentricidade" neste blogue! Ursas!
quinta-feira, julho 29, 2010
Adeus! (que é como quem diz, férias aqui vou eu.)
(a alteração que sabia que ia fazer. recepção à chegada de NYC; ortografia discutível, mas um emigrante tem sempre desculpa. principalmente por ser quem é.)
Este post foi alterado a 17 de Agosto.
quarta-feira, julho 28, 2010
Pensamento do(s) dia(s)
Que se lixe, aspiro à imperfeição. Ou, posto de outro modo, libertei-me da necessidade de perfeição. Isso permite-me viver feliz com base nas minhas escolhas.
Haruki Murakami, in "O Elefante evapora-se".
Haruki Murakami, in "O Elefante evapora-se".
segunda-feira, julho 26, 2010
Chega o Verão, aproximam-se as férias e é isto...
I will go in this way
And find my own way out
I won't tell you to stay
But I'm coming to much more
sexta-feira, julho 23, 2010
Pensamento do dia (revisitado)
O coração tem mais portas que uma casa de putas.
Rodrigo Guedes de Carvalho
Rodrigo Guedes de Carvalho
quinta-feira, julho 22, 2010
No mínimo curioso...
Reflexões de José Pacheco Pereira no Abrupto a propósito das comemorações do centenário da República:
(...) E a Primeira República foi manchada igualmente pelos assassinatos políticos, em particular a célebre "noite sangrenta", em que foram mortos António Granjo, Machado Santos, José Carlos da Maia, Freitas da Silva, Botelho de Vasconcelos, entre outros. Por contraste, o único assassinato político que merece ser classificado como tal no Estado Novo foi o de Humberto Delgado, embora haja ainda muitas obscuridades quanto ao que se passou. Houve gente morta pela PIDE, nos campos de concentração, nas cadeias, sob tortura, em confrontos de rua, mas não existem provas de que se tratava de assassinatos deliberados.(...)
Ou seja: no Estado Novo, como se assassinavam pessoas e não se faziam registos (quem diria...), não há provas de que foram "assassinatos deliberados", logo, pode afirmar-se que pode até ter sido um regime que não matou ninguém, ao contrário da I República. Gostava de saber se, não havendo registo dos inúmeros assassinatos de diferentes regimes ao longo dos séculos e pelo mundo fora, também ficamos sem saber se Hitler ou Estaline (só para dar dois exemplos de muitos que se poderiam dar) eram realmente assassinos.
Dança, Dança, Dança, Haruki Murakami
Mais uma vez a realidade une-se ao fantástico. Personagens conhecidas do universo de Murakami - é a continuação de "Em buca do Carneiro Selvagem", ou pelo menos o retomar duma história de amor. Mas há novas personagens: um actor desesperado, uma adolescente com visões (é aliás, a personagem que mais me marcou); uma fotógrafa de sucesso que é uma mãe ausente; um escritor sem sucesso que é pai ausente, um pintor sem um braço, polícias, prostitutas, actrizes... Mas a centralidade da narrativa que a crítica considera "quase kafkiana" está no narrador, nos sonhos que tem e a busca da mulher da orelhas perfeitas e na recepcionista do "Hotel Golfinho", outrora um banal hotel duma pequena cidade transformado num grande hotel. O Homem-Carneiro, a solidão, a vida e a morte (a segunda faz parte da primeira, como já escreveu o autor), o amor.
Foi uma leitura demorada, o que não significa que não tenha adorado o livro. O título é inspirado numa música dos Beach Boys, ao longo da estória, e como sempre neste "universo murakami", a música, os gatos, as mulheres, a culinária, as bebidas... estão lá.
Estão para a troca!
Por Pedro Viana em Vias de Facto
Ouvi dizer que há quem ache, pelos lados da Direita, que a Constituição da República Portuguesa limita demasiado as políticas económico-sociais que um Governo pode implementar. Gostariam de eliminar algumas palavras, como "tendencialmente gratuito" no ponto 2 do artigo 64 (Saúde), e trocar "justa causa" por "razão atendível" no artigo 53 (Segurança no emprego"). Aceito. Se, e apenas se, em troca, me deixarem eliminar "mediante o pagamento de justa indemnização" e trocar "com base na lei" por "razão atendível", no ponto 2 do artigo 62 (Direito de propriedade privada). Ficava assim: "A requisição e a expropriação por utilidade pública só podem ser efectuadas por razão atendível." Que acham? Ficavamos com uma Constituição bem mais neutra, ou não?...
terça-feira, julho 20, 2010
Holy Ghost
I go to Church
I must be forgiven
Deep in my heart
I know I’m a sinner
I look for love
And for the Blessing of the Virgin
Could you care less
About my soul?
Lights & Darks
Podia insultar uma pessoa a quem entrego um envelope para entregar a outra que o abre e vê o que tem dentro. Podia.
Podia explicar que não se pousa um copo cheio de uma coisa parecida com "capuccino" em cima dos papéis que estão na minha secretária. Podia.
Podia mandar isto tudo às urtigas e ir embora. Podia.
Podia imensa coisa, mas entretanto trabalho ao som do novo álbum da Rita Red Shoes e ... não insulto, não explico, não mando.
Podia explicar que não se pousa um copo cheio de uma coisa parecida com "capuccino" em cima dos papéis que estão na minha secretária. Podia.
Podia mandar isto tudo às urtigas e ir embora. Podia.
Podia imensa coisa, mas entretanto trabalho ao som do novo álbum da Rita Red Shoes e ... não insulto, não explico, não mando.
sexta-feira, julho 16, 2010
Algum de Todo o Sentimento
(...)
Pretendo descobrir no último momento
O tempo que refaz o que desfez
(...)
Onde não diremos nada, nada aconteceu
Apenas seguirei como encantado ao lado teu
Chico Buarque de Holanda
Pretendo descobrir no último momento
O tempo que refaz o que desfez
(...)
Onde não diremos nada, nada aconteceu
Apenas seguirei como encantado ao lado teu
Chico Buarque de Holanda
SMS no momento oportuno
Gosto de ti, porra!
Lindo. Eu tenho amigos do caraças. Obrigada, muito obrigada.
Lindo. Eu tenho amigos do caraças. Obrigada, muito obrigada.
quinta-feira, julho 15, 2010
E agora que já desabafei, a versão Libelinha (ou o melhor de mim)
O dia de S. João Baptista celebra-se no dia dos meus anos. Deve ser por isso que muitas vezes me divido entre a versão Joaninha e a versão Libelinha.
"Fiel a Deus e fiel a si próprio. Não por teimosia, mas por humildade. E por isso mesmo, soube encontrar o tempo justo e o lugar oportuno para ser motivo de consolação e de divisão. Só quem tem o centro da vida posto em Deus, pode viver desta liberdade. De facto este homem, para reagir assim, é porque devia estar com a cabeça perdida." por Nuno Branco, sj
Não tenho a veleidade de me achar parecida com ele. Tenho tão só a vontade de encontrar a liberdade de ser justa sempre que sou capaz.
"Fiel a Deus e fiel a si próprio. Não por teimosia, mas por humildade. E por isso mesmo, soube encontrar o tempo justo e o lugar oportuno para ser motivo de consolação e de divisão. Só quem tem o centro da vida posto em Deus, pode viver desta liberdade. De facto este homem, para reagir assim, é porque devia estar com a cabeça perdida." por Nuno Branco, sj
Não tenho a veleidade de me achar parecida com ele. Tenho tão só a vontade de encontrar a liberdade de ser justa sempre que sou capaz.
Há coisas cujos títulos seriam no mínimo obscenos
Não. Não me peçam para aceitar o que não sou capaz sequer de compreender. Eu sei que vai contra tudo o que defendo, tudo em que acredito. Mas não vão por aí. O meu coração (que nem sei de que é feito às vezes) não pode aceitar que se recebam gestos de simpatia e cordialidade de quem nunca nos fez bem. Intolerante, sim. Mas de repente, porque alguém morre, passam todos a ser bestiais e tudo nos comove???
Disse-o no calor do momento, digo-o passado um dia, tenho dúvidas se alguma vez deixarei de pensar assim: "que metam os sentimentos... num sítio que todos sabemos" (foi na parte das reticências que a minha mãe ia desmaiando a imaginar o que pudesse sair da minha boca).
Há coisas que não me dizem respeito, mas na parte em que diz só tenho a constatar que há coisas que nunca vou ser capaz de perdoar (quem faz mal à minha família faz-me mal também). De repente somos todos amigos, não?
Eu acredito na tese do "bom selvagem". Mas com o tempo passei também a acreditar que há pessoas genuinamente más (independentemente de terem nascido boas) e que dificilmente deixarão de ser - ainda que se curem de tudo o resto. E, portanto, se sou defensora (porque continuo a ser) de que todos merecem mais do que uma oportunidade, de que todos devemos ter o dom do perdão (às vezes perdoar é mais difícil do que pedir desculpa) todas as regras têm excepção (no caso nem é excepção, porque pura e simplesmente não acredito em nada que venha dali).
Não sou capaz de esquecer que o facto de ter a felicidade de pertencer a uma família civilizada só trouxe amarguras e problemas (no caso concreto, obviamente). Acima de tudo não serei nunca capaz de esquecer que foi a prova de que de repente passo a defender aquilo contra o que lutei desde que sou gente. Pasmem-se: às vezes, a violência só se resolve com violênca. E tenho dito.
quarta-feira, julho 14, 2010
O verdadeiro homem da luta
Isaltino garante que lutará "até ao fim"
E acho que faz bem, porque de recurso em recurso a pena vai sendo reduzida. Ainda assim pergunto se vai continuar a "comandar" os destinos de Oeiras na pildra, já que é condenado a 2 anos de prisão (aparentemente efectiva) por fraude fiscal e branqueamento de capitais - coisa pouco grave, nos tempos que correm - mas não perde o mandato. Onde é que está o sentido disto...?
terça-feira, julho 13, 2010
"Ah e tal" eu não acredito mas pelo sim pelo não... :) Lindo!
I don't believe in an interventionist God
But I know, darling, that you do
But if I did I would kneel down and ask Him
Not to intervene when it came to you
Not to touch a hair on your head
To leave you as you are
And if He felt He had to direct you
Then direct you into my arms
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms
And I don't believe in the existence of angels
But looking at you I wonder
But if I did I would summon them together
And ask them to watch over you
To each burn a candle for you
To make bright and clear your path
And to walk, like Christ, in grace and love
And guide you into my arms
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms, O Lord
Into my arms
And I know that you do too
And I believe we can choose our path
And we can walk then, me and you
So keep those candles burning
And make her journey bright and pure
That she will keep returning
Always and evermore
segunda-feira, julho 12, 2010
Por uma vida sem donos
Sou a estrela do mar
só a ele obedeço, só ele me conhece
só ele sabe quem sou no princípio e no fim
só a ele sou fiel e é ele quem me protege
quando alguém quer à força
ser dono de mim
Não sei se era maior o desejo ou o espanto
mas sei que por instantes deixei de pensar
uma chama invisível incendiou-me o peito
qualquer coisa impossível fez-me acreditar
Jorge Palma
só a ele obedeço, só ele me conhece
só ele sabe quem sou no princípio e no fim
só a ele sou fiel e é ele quem me protege
quando alguém quer à força
ser dono de mim
Não sei se era maior o desejo ou o espanto
mas sei que por instantes deixei de pensar
uma chama invisível incendiou-me o peito
qualquer coisa impossível fez-me acreditar
Jorge Palma
sábado, julho 10, 2010
Hoje vou chorar-te, celebrar-te-ei para sempre
Eram 4. "Os 4 cavaleiros", "Os 4 da vidairada". De todos, eras o mais alegre, o menos sisudo, o que mais gostava da "boa vida". Não me lembro de te ter visto alguma vez maldisposto. Sei que não me querias ao pé de ti nos teus últimos dias, nenhum de vós é capaz de mostrar o espectáculo da vossa doença aos que consideram filhos. Nisso, são os 4 exactamente iguais. Combinámos "um leitão e uns copos" no final do mês e é isso que farei. No meio disto tudo posso ter varicela e tenho a certeza que estás a rir à gargalhada com a brincadeira [bem sei que não acreditavas, agora saberás que tinha razão].
Vou ter saudades de me estares sempre a chatear nos almoços de família porque tudo o que me vias comer "engorda"; de me encheres o copo de vinho e dos beliscões. Vou lembrar-me sempre da dentada enorme que um dia tinhas no braço, e depois de te perguntar o que era explicaste a rir que estavas a brincar aos leões com o Gui e ele levou a brincadeira demasiado a sério. Há pouco mais de um mês estivemos no alpendre a beber uma cerveja, a fumar um cigarro e a conversar enquanto não chegavam todos. Será sempre nas alturas de festa que te vou recordar, que te vou celebrar.
Hoje percebi que afinal nenhum de vós é imortal. Não há nada que me assuste mais.
quinta-feira, julho 08, 2010
Diálogos que não aconteceram mas aconteceram
Ele - "Eu e ela temos questões de fundo"
Ele (outro, no auge do sarcasmo) - "YOU ARE GAY".
Non-sense, eu sei. Mas não é. É e não é.
Ele (outro, no auge do sarcasmo) - "YOU ARE GAY".
Non-sense, eu sei. Mas não é. É e não é.
Porque rimos e choramos, e choramos a rir juntos. Amo-te como amaria o irmão que não tenho. Amo-te mais ainda, porque com um irmão haveria sempre a justificação do sangue. Às vezes irritas-me porque vives demais com o coração [o nosso coração às vezes tem tantos buracos como um queijo suíço] e não entendes que não pode ser (sempre) assim. O Trotskista que se lixe (com F) e o sistema também, que não há nada como poder falar e dizer o que nos apetece, e parecermos umas "velhas de bairro" e borrifarmo-nos para o que dizemos, como dizemos, porque sabemos que entre nós podemos dizer tudo o que nos apetece.
quarta-feira, julho 07, 2010
terça-feira, julho 06, 2010
Em Modo Joaninha ou AS COISAS QUE ME TIRAM DO SÉRIO
O Fisco, rais'parta o dito.
Pessoas que comem no posto de trabalho de boca aberta e fazem barulho
Pessoas que vêm de chinelos para o trabalho (eu fico doida, juro que fico)
Perguntas estúpidas, principalmente relacionadas com coisas que ninguém resolve porque não e depois se mostram muito interessadas em saber não sei muito bem o quê
O próprio umbigo ou os que só sabem olhar para ele (como se fosse muito bonito, ainda por cima).
Agora vou contar até 100, rir à gargalhada e continuar o meu dia que só pode melhorar!
Pessoas que comem no posto de trabalho de boca aberta e fazem barulho
Pessoas que vêm de chinelos para o trabalho (eu fico doida, juro que fico)
Perguntas estúpidas, principalmente relacionadas com coisas que ninguém resolve porque não e depois se mostram muito interessadas em saber não sei muito bem o quê
O próprio umbigo ou os que só sabem olhar para ele (como se fosse muito bonito, ainda por cima).
Agora vou contar até 100, rir à gargalhada e continuar o meu dia que só pode melhorar!
Expliquem-me como se eu fosse (!) muito burra...
Duas cartas das Finanças no mesmo dia. (Aprendi com o meu Pai a ficar indisposta sempre que vejo uma carta das Finanças em meu nome - duas entro em pânico!).
A que julgo ser a 1ª (só porque reparei na "Nota" pequenina que dizia "a demonstração de compensação segue em envelope separado) diz: "Fica V. Ex.ª notificado(a) da liquidação de IRS relativa ao ano a que respeitam os rendimentos, conforme nota demonstrativa junta.
Poderá reclamar ou impugnar nos termos e prazos estabelecidos nos artigos 140.º do CIRS e 70.º do CPPT".
A suposta 2ª carta reza assim: "Fica V. Ex.ª notificado(a) que, conforme demonstração de compensação junta, não há lugar ao pagamento ou reembolso do saldo apurado, por ser inferior ao limite mínimpo previsto nos arts. 96º, nº 7 do CIRC, 95º do CIRS e 33º, nº 4 do CIS."
No meio disto tudo, depois do "estorno" que recebi do IRS, aparece o "Saldo Apurado": € -1,07.
A que julgo ser a 1ª (só porque reparei na "Nota" pequenina que dizia "a demonstração de compensação segue em envelope separado) diz: "Fica V. Ex.ª notificado(a) da liquidação de IRS relativa ao ano a que respeitam os rendimentos, conforme nota demonstrativa junta.
Poderá reclamar ou impugnar nos termos e prazos estabelecidos nos artigos 140.º do CIRS e 70.º do CPPT".
A suposta 2ª carta reza assim: "Fica V. Ex.ª notificado(a) que, conforme demonstração de compensação junta, não há lugar ao pagamento ou reembolso do saldo apurado, por ser inferior ao limite mínimpo previsto nos arts. 96º, nº 7 do CIRC, 95º do CIRS e 33º, nº 4 do CIS."
No meio disto tudo, depois do "estorno" que recebi do IRS, aparece o "Saldo Apurado": € -1,07.
Ora bem, fiquei sem perceber se este "acerto" que eu não entendo, e independentemente de ter percebido que no fim de contas ninguém deve nada a ninguém por ser uma quantia que o Fisco considera irrisória, se sou eu que devo ou é o Fisco que me deve. É que se sou eu faço questão de pagar. Se forem eles, faço alguma questão de receber, mas só para chatear.
Independentemente da questão, devia haver maneira do cidadão comum (onde me incluo, naturalmente) conseguir perceber à primeira o que estes senhores querem dizer. É que estou-me pouco borrifando para os artigos do CIRC, do CIRS, do CIS e do raio que os parta. Só não quero dever nada a ninguém, muito menos a estes senhores.
segunda-feira, julho 05, 2010
A propósito da Paternidade-mais-esquisita-do-mundo-de-Cristiano-Ronaldo
Gostava de saber onde se meteram os defensores da "família tradicional" (seja lá o que isto quer dizer).
Eu também não (sei)
Uma coisa é o amor, outra é a relação. Não sei se, quando duas pessoas estão na cama, não estarão, de facto, quatro: as duas que estão mais as duas que um e outro imaginam.
António Lobo Antunes
António Lobo Antunes
sexta-feira, julho 02, 2010
Quando as boas músicas ainda por cima dizem tudo
("muito obrigadinha" por mais esta maravilha!)
It's hard, hard not to sit on your hands
And bury your head in the sand
Hard not to make other plans
and claim that you've done all you can all along
And life must go on
It's hard, hard to stand up for what's right
And bring home the bacon each night
Hard not to break down and cry
When every idea that you've tried has been wrong
But you must
It's hard but you know it's worth the fight
'cause you know you've got the truth on your side
When the accusations fly, hold tight
Don't be afraid of what they'll say
Who cares what cowards think, anyway
They will understand one day, one day
It's hard, hard when you're here all alone
And everyone else has gone home
Harder to know right from wrong
When all objectivity's gone
And it's gone
But you still carry on
'cause you, you are the only one left
And you've got to clean up this mess
You know you'll end up like the rest
Bitter and twisted, unless
You stay strong and you carry on
It's hard but you know it's worth the fight
'cause you know you've got the truth on your side
When the accusations fly, hold tight
And don't be afraid of what they'll say
Who cares what cowards think, anyway
They will understand one day, one day.
Pensamento do Dia
"A minha alma está armada e apontada para a cara do sossego".
E aguento-me à bronca, pois claro!
E aguento-me à bronca, pois claro!
terça-feira, junho 29, 2010
Brilhante (II)
Via Mar Salgado por FNV
Dr. K.A. MORE (V):
Dr. K.A. MORE (V):
" A minha filha não gosta de rapazes. Falou comigo no outro dia , mas eu já sabia, já desconfiava. Nunca a vi com um rapaz. Diz que está apaixonada por uma colega, mais velha, que já está em estágio. Estou de rastos, o meu marido está em choque. O meu mundo desabou".
Pois desabou e já não há nada a fazer. Acontece. Adiante. O que lhe parece o mundo novo? A sua filha respira sozinha, estuda e ri-se, não é? E, quando a vê, a senhora dá-lhe beijos, não dá?
O seu mundo novo é velho. É ter os filhos vivos, felizes ( enfim, nesta época ensinam-lhe essse disparate da felicidade, parece que vem nas revistas) e ao pé de nós. Faz-lhe impressão imaginar um almoço com a namorada da sua filha? Claro que faz, compreendo. Antes de elas chegarem, pense em todas as vezes que teve a sua filha nos braços, vá ao álbum buscar uma fotografia antiga. O que é que conta, do princípio ao fim dos tempos? Pois é.
Brilhante
via Mar Salgado, por FNV
Dr. K.A. MORE(I):
" O meu namorado pediu-me um tempo. Tenho a impressão de que quer romper. Por que faz ele as coisas desta maneira? O que hei-de fazer?"
Depende. Se você tem 20 anos, deixe-o ir. Se começa tão cedo a acreditar nestas balelas está perdida. Pedir um tempo é a forma masculina de misericórdia. Eles agoram usam hidratantes, mas o cérebro ainda vai precisar de 50.000 anos para mudar.
Se você tem 49 anos, está divorciada e o tipo é asseado, compre uma colecção da sua série favorita de TV e aguarde. Se ele não voltar a dizer nada, tente a faixa etária 65-75.
Dr. K.A. MORE(I):
" O meu namorado pediu-me um tempo. Tenho a impressão de que quer romper. Por que faz ele as coisas desta maneira? O que hei-de fazer?"
Depende. Se você tem 20 anos, deixe-o ir. Se começa tão cedo a acreditar nestas balelas está perdida. Pedir um tempo é a forma masculina de misericórdia. Eles agoram usam hidratantes, mas o cérebro ainda vai precisar de 50.000 anos para mudar.
Se você tem 49 anos, está divorciada e o tipo é asseado, compre uma colecção da sua série favorita de TV e aguarde. Se ele não voltar a dizer nada, tente a faixa etária 65-75.
segunda-feira, junho 28, 2010
Dos nadas
É uma espécie de fado, o "fado triste, das vielas". Quando as palavras são frágeis, inquietas. "As palavras são pedras" que podemos arremessar, só não podemos viver sem elas - "somos obrigados a pensar com palavras, a sentir com palavras se queremos pelo menos que os outros sintam connosco". Gosto da "linguagem do silêncio" mas essa não tem dicionário e por isso nem sempre a entendemos. [cresci a aprender que nem sempre temos de estabelecer diálogos para nos sentirmos bem ao lado de alguém]
Porque me aborrecem os diálogos frágeis, aqueles que não ficam nem levam a lado nenhum. É nessa fragilidade que muitas vezes nos relacionamos e é essa fragilidade que não quero, porque é a solidão no seu estado mais profundo: não é medo, não é abandono, não é ausência - é simplesmente não ser. [é perceber que tens tudo e afinal não tens nada; é ter um medo terrível de que não te apercebas disso a tempo; é o pânico de não te poder agarrar].
"I came in praying for you"
Tubo de Ensaio, Bruno Nogueira e João Quadros
É uma compilação de textos do programa com o mesmo nome que passa na TSF de 2ª a 6ª. Uma óptima leitura para a praia. B.N. e J.Q. têm alguns "ódios de estimação": a Maya, o Camilo de Oliveira, a Simara, Florbela Queirós... enfim, tudo figuras públicas de "alto gabarito". Confesso que sou uma fã do "lado negro" deste programa - e do livro - em temas sensíveis como o célebre "Caso Maddie" ou o Joseph Fritzl, "o Monstro de Amstetten". Cada capítulo tem apenas 2 páginas, em regra (são apenas uns minutos de rádio) divididos em rubricas como Deu que falar; Curiosidades; Enviado banal; Projectos para o Futuro; Ponto de vista; Pouco Provável; Entrevista de tamanho M e Sugestões para o Fim-de-semana que passou.
Uma "Entrevista de tamanho M" é com Deus. Nogueira e Quadros criam um diálogo com Deus a propósito das catástrofes que acontecem... "se Deus quiser".
Na rubrica "Curiosidades", a propósito da LEGO, apresentam alguns factos importantes: "Sabia, que o primeiro boneco criado pela LEGO, em 1979, foi o do polícia? E que, dois meses mais tarde, nasceu a primeira minifugura mulher, a enfermeira? Parece que a ideia inicial era fazer um filme porno de animação. E sabia que, só em 2003, os bonecos da LEGO passaram a ter figuras de raça negra? Pode parecer estranho aparecerem só nesta altura porque a LEGO é quase tudo à base de construções... pois, lá vem a senhora da igualdade... desculpe. (...)"
Em "Pontos de Vista", sobre Moita Flores: "O Moita Flores é um bocado o MacGyver dos comentários. Safa-se sempre, seja qual for o assunto em que se meta: vai buscar um lugar comum aqui, uma estatística ali e um conhecimento superficial sobre o tema acolá, junta tudo num discurso e acaba por se safar a passar por especialista."
É um livro leve, cómico e que recomendo. Não posso deixar de dizer, no entanto, que foi muitíssimo mal revisto (está cheio de erros e gralhas, a pontuação e acentuação deixam muito a desejar) ainda que tenha a 1ª edição - não sei se entretanto reviram os textos.
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